quinta-feira, 18 de junho de 2009

O haicai do poeta Sérgio Marinho

O poeta Sérgio Marinho, assim como Leminski - que em seu livro “Bashô”, recomenda àqueles que quisessem entender o zen a matricularem-se na mais próxima academia de artes marciais -, é um orgulhoso faixa-preta. Sua obra anda dispersa e pouco publicada em nossos veículos especializados, pois ao que nos parece, o poeta é uma exceção. Avesso às publicações, sequer tem o cuidado de catalogar seus poemas que ficam guardados exclusivamente na memória. Também são raras as oportunidades de vê-lo recitar em público.
São de sua lavra os seguintes haicais:

todos os meus ais
cabem
num hai-kai

ao olhar do travesti
confesso:
não resisti

E ainda:

em matéria de vôo
tira de letra
a borboleta

Além de ser um profundo conhecedor dos elementos que compõe o haicai, uma peculiaridade a ser observada nos poemas de Sérgio Marinho é o seu cuidado artesanal com a linguagem, o uso da rima, ora entre o primeiro e o terceiro verso, ora entre o segundo e o terceiro sem perder a espontâneidade.
Se por um lado percebemos uma ressonância marcadamente concretista na poesia de Sérgio Marinho, por outro, o que nos chama a atenção é certo eco melancólico que o poeta encobre ao mesmo tempo que o difunde, mesmo sem se propor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Poeta Felicíssimo,
Deus Vos Salve!

O poeta e mestre Sérgio Marinho detém o dom da humildade, inerente aos grandes sábios japoneses...Foi amigo pessoal de um grande poeta baiano já falecido Carlos Sampaio e que como tudo nesta terrinha de muro baixo... continua esquecido. Parabéns pelo trabalho que vem desenvolvendo nesta arte poética tão milenar ...Abraços, Miguel Carneiro