segunda-feira, 1 de junho de 2009

Haibun sabático

Seguindo de Itabuna ao litoral, poucos quilômetros margeando o Cachoeira, chegamos a Ilhéus. Na Baía do Pontal, um barquinho, por vinte minutos, Rio do Engenho acima, entre manguezais bem conservados, atinge seu destino, um pequeno sítio à sua margem.
No caminho, fauna e flora. O mangue fomenta um ecossistema rico e frágil ao mesmo tempo. Enquanto o homem não interfere de modo mais drástico, permanece equilibrado e viril.

Um barco no rio
e um avião no céu –
felizes brindamos

***

Paira sobre o rio
como o beija flor na flor –
Martin pescador

***

No manguezal
atento a todo momento –
caranguejo azul

NOTA SOBRE O HAIBUN:
Edson Kenji Iura

o haibun se caracteriza por ser composto por um ou mais poemas precedidos por uma prosa. Bill Higginson, autor de “The Haiku Handbook”, Ed. Kodansha International, lista suas características da seguinte forma:

1- Texto em prosa, concluído com um ou mais haicais.
2- O texto é curto.
3- Sintaxe simplificada. Economizar partículas gramaticais, e às vezes até verbos.
4- A prosa não explica o haicai. O haicai não sintetiza a prosa. E a ligação entre os dois é sutil como no renga.
5- Predominância de imagens. Pouca abstração. Pouca generalização.
6- Objetividade. O escritor se mantém distante, até quando fala de si mesmo.
7- Humor. Leveza.

Após citar exemplos, japoneses e ocidentais, o autor faz a sua conclusão: "A concisão do haibun traz outro benefício. Esta linguagem precisa e esticada cria uma distância estética que solapa nossa tendência a auto-satisfação ou auto-indulgência. O escritor focaliza o ato de viver, em vez de mirar o "vivente". Trazer a escassez da poesia de haicai para a prosa é juntar o melhor da auto-biografia e do ensaio - as ações, os eventos, as pessoas, lugares e lembranças da vida vivida - sem o peso do sentimentalismo, talvez o maior inimigo da arte e da vida".

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