domingo, 28 de junho de 2009

Novo livro de João Filho

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A P55 Edições, no próximo dia 07, terça-feira, das 19 às 22 horas, na Livraria Tom do Saber, Salvador (Rio Vermelho), fará o lançamento dos mais novos livros e autores da coleção “Cartas Bahianas”, são eles: Aninha Franco (As receitas de Mme. Castro), Marcos Dias (Ananke) e João Filho (Ao longo da linha amarela). Confesso que dos três, conheço apenas João Filho, meu amigo e muito bom poeta. Por isso, e por questão de espaço, destacamos aqui apenas o seu livro.

João Filho nasceu em Bom Jesus da Lapa, Bahia. Segundo release da editora, publicou em 2004, “Encarniçado”, Editora Baleia. Em2008, “Três sibilas”, poesia, Dulcinéia Catadora. Participou das antologias: “Os Cem Menores Contos”, Ateliê Editorial, “Contos Sobre Tela”, Edições Pinakotheke, “Terriblemente felices, Nueva narrativa brasileña”, Emecé Editores, “35 segredos para chegar a lugar nenhum”, Bertrand Brasil, “Travessias singulares – Pais e filhos”, Casarão do Verbo.
Moral e metafísica no asfalto com algum fundo policial, eis a receita dos contos inseridos em “Ao longo da linha amarela”. É desta forma que João Filho vê este seu novo livro. “Há uma fluência, como um trânsito sem engarrafamento, no estilo, porém com diminuições de marcha em certos pontos narrativos. No conto ‘O que se desloca’ é o sujeito que pensa enquanto anda, já o ‘Aprender pela forja’ o avô narra o conflito de gerações entre pai e filho; em ‘Edifício Favela’ o personagem rouba e tenta negociar os originais manuscritos do poeta Castro Alves; ‘Cicerone cego’, como o próprio título já diz, um guia cego se oferece para guiar pessoas pela cidade, o que resultará em desastre; ‘Filoctetes’ dialoga de perto com ‘Edifício Favela’, o roubo visado agora são telas de Picasso, para a produção de cópias falsificadas; ‘Carros invisíveis atropelam transeuntes distraídos’ possui um clima fantástico com sua lógica cruel; em ‘Seguir nem sempre é avançar’ há uma cidade íntimo-externa do narrador que faz seu auto-exame de consciência enquanto atravessa o centro. Contudo, “Ao longo da linha amarela” é acima de tudo linguagem.

Cinco perguntas para João Filho

P55 - Há algum significado nesta coleção e neste seu livro? Algum objetivo?
João Filho
- Em relação à coleção: significativa por propiciar a publicação de jovens autores baianos, em edições curtas, pode se dizer de bolso, charmosas, bem trabalhadas e baratas. Quanto ao livro, é meu segundo livro publicado. O primeiro foi o Encarniçado em 2004. São cinco anos sem publicação individual, e ao contrário do caminho que tomei no Encarniçado, de experimentações com a linguagem e a estrutura e muito negativismo, neste novo livro, “Ao longo da linha amarela”, trabalho dois temas muito caros para mim: moral e metafísica no asfalto, com outra visão sobre a linguagem.

P55 - Sendo cartas, é difícil encontrar correspondência do que se quer dizer em palavras? Correspondência não só na linguagem, mas também leitor? Vamos lembrar que correspondência está na raiz de cartas. Cartas Bahianas.
João Filho
- Creio que o sentido maior dessa "correspondência" é a metáfora da mensagem na garrafa lançada aos quatro ventos. O leitor que a encontrar em sua ilha-solidão urbana, é quem decidirá se a acolherá ou não.

P55 - Escrever é conseqüência de sua vida – pensamento, sentimento, sensações, olhares, atos, etc, ou o que é esta realidade para sua escrita? Ou que realidade é esta que vocês estão escrevendo? E nesta escrita há uma construção ou reconstrução disto que chamam realidade? Ou da escrita? E a Bahia nisto?
João Filho
- Escrever é consequência de estar vivo. É evidente que eu poderia não escrever, e é um embate que retorna sempre: escrever para quê? Às vezes tenho a resposta, às vezes não. A literatura nunca conseguirá captar a realidade em toda a sua complexidade, e esta é uma questão muito antiga. Sendo a realidade móvel, inapreensível, como pode ser capturada numa forma estanque? O máximo que se consegue, quando se consegue, é um pequeno vislumbre do real. Porém a literatura cria realidades paralelas sem as quais o mundo, isto é, a própria realidade, ficaria menor. No caso de “Ao longo da linha amarela” usei temas antigos (moral e metafísica) territorializados na cidade de Salvador no tempo atual. Todos os contos tentam seguir o fluxo da própria cidade.

P55 - Algo mais geral: Escrever é criação ou artesanato?
João Filho
- As duas coisas. Talento somente não resolve. É preciso estudar muito. Ler, ler e ler. E, no caso, escrever se aprende escrevendo. Ou seja, errar muito antes de acertar.

P55 - Enfim: O que é este seu livro? O que espera ou não há mais esperança?
João Filho
- Quem poderá dizer com mais precisão serão os leitores. Espero ser lido. Se isso não acontecer, terei falhado em meu propósito.

Blog do João Filho:
www.verbeat.org/blogs/hiperghetto

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