segunda-feira, 15 de junho de 2009

O poeta Antônio Brasileiro, merecidamente, na Academia de Letras da Bahia

Por Silvério Duque

O poeta Antônio Brasileiro Borges foi eleito, na última segunda-feira, por unanimidade, para ocupar a cadeira de nº 21, que pertenceu a Jorge Amado e, por conseqüência de pensão-alimentícia, à Zélia Gattai, na Academia de Letras da Bahia (ALB), tornando-se o primeiro imortal, desta Instituição, não nascido nem radicado em Salvador. Doutor em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais, e professor de Teoria da Literatura na Universidade Estadual de Feira de Santana, o grande fundador, e, certamente, o melhor representante do grupo Hera, que tem mais de 25 títulos publicados entre poesias, ensaios, romances e contos, mas nunca fora agraciado com uma publicação por uma grande editora – uma injustiça que, eu espero, solucione-se em breve –, entre os quais A estética da sinceridade & outros ensaios (Imprensa Universitária da UEFS, 2000), Antologia Poética (Fundação Casa de Jorge Amado/Copene, 1996) e Dedal de areia, que venceu a edição de 2004 do Prêmio Durval de Morais, da ALB, é, sem dúvidas, uma escolha acertada em todos os pontos pelos membros da ABL e que lhe dá diversidade e qualidade... A indicação de Antônio Brasileiro para tal instituição pode até ser tardia, mas merecidamente necessária.
Eis um dos melhores exemplos da poesia de Antônio Brasileiro:

QUE DEUS GUARDE MEU PAI...

Não passar. Ficar para semente.

Não era isto que meu pai queria?
Sentava-se na rede e adormecia
julgando ter domado a dama ausente.

E sonhava talvez. Talvez menino
montando burros bravos, nu, ao vento;
um homem é a sua ação sobre o destino.

Meu pai então fazia um movimento
e a rede, a adormecer, estremecia:
pequenos sustos no tempo, era só isto.

E escancarava os olhos duramente
para mostrar que se Ela o procurava
era de cara a cara que a encarava.

Que Deus guarde meu pai. Eternamente.

NOTA: Poema extraído de Poemas Reunidos, de Antonio Brasileiro, poeta brasileiro radicado em Feira de Santana. O livro foi editado pelo Selo Letras da Bahia, em 2005.

5 comentários:

Gerana disse...

Ele é o primeiro não residente em Salvador. Sempre houve acadêmicos não nascidos em Salvador, não nascidos na Bahia, mas tinham que residir aqui em Salvador. Um exemplo: Carlos Eduardo da Rocha nasceu no Acre. Há vários. Apenas havia a limitação da residência em Salvador.Isto acabou.
Adoro a poesia de Brasileiro!!!

Anônimo disse...

Caríssimo Gustavo,iscordo que o mérito da entrada de Brasileiro na Academia seja o fato dele ser sertanejo, um não baiano da baía, como se tem comentado. Acredito que as imagens que ele tão bem pinta com cores nas telas conseguem chegar ás palavras tão bem expressas em sua poesia como no exemplo exposto e em muitos outros. agora, é claro, que me orgulho com o fato de um sertanejo arretado ter entrado lá. Abreijos, Jotacê.

Anônimo disse...

Ele é Chato!Rabujento e etc
kkkkkkkkk

Anônimo disse...

Por nascer, crescer e levantar algumas bandeiras como mulher, resolvi sair em defesa de Antonio Brasileiro frente a opinião de um anônimo que o classificou como "chato e rabujento". Questiono: Em qual dos textos produzidos por Brasileiro ele se mostrou assim? Colega anônimo, acho que vc não leu nada desse escritor,e a meu ver a finalidade do blog é OLHAR, CRITICAR, ELOGIAR o escritor, com argumentos fundamentados na grande obra que ele tem nos deixado, fora disso, acho que você perdeu a grande chance da sua vida: Silenciar-se!
Um abraço antologicamente poético.

Anônimo disse...

Só de pensar que vai ocupar a cadeira do Jorge Amado, ele deve está se revirando no tumulo, e é mais triste ainda quando dizem "Foi eleito por unanimidade" Pasmém! Não houve concorrente gente, pelo amor de Deus, nou teve disputa e mais rídiculo ainda é o Tal Brasileiro aceitar, Que vergonha...que tristeza...