Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, lamento demais a triste situação da cidade onde moro, Itabuna, Bahia, que despeja todo o seu esgoto in natura no belíssimo Rio Cachoeira, matando peixes e destruindo a natureza. Por isso esses meus haicais encadeados, como uma forma de protesto, ainda que nenhum político, nenhum pseudo-ambientalista nos ouça ou leia.
I
madruguei chorando -
silenciou-se o grande rio
ao me ver nascer.
II
e seguiu seu curso -
infinito em suas curvas
terno em meu olhar.
III
silente e calado
ele desfez os mistérios -
canções ao luar.
IV
puro em sua nascente
desce o rio cortando o campo
espalhando vida.
V
e vai todo em brasa
dentro da noite ferida
onde os sonhos erram.
VI
vai feroz e louco
abrindo as portas do peito
galopando a dor.
VII
não é o rio da aldeia
mas o rio de todos nós -
Cachoeira o seu nome.
VIII
eu sigo o seu curso
sem lume, sem remo ou âncora -
triste e indignado.
IX
pois rio sem carinho
quando avista arranha-céus
vê-se a fenecer.
X
não morre de vez
porque é valente esse rio -
tinhoso e audaz.
XI
nada singra mais
as correntes deste rio -
só a lama humana.
XII
perdeu o vigor
e jaz de um modo indevido -
na forma de esgoto.
XIII
pois repousa agora
pousado em sua fortuna -
com febre e com frio.
XIV
lá vai o Cachoeira
faminto pelo caminho -
descendo pro mar.
XV
se querem um rio
para chamá-lo de seu
que venham salvá-lo
I
madruguei chorando -
silenciou-se o grande rio
ao me ver nascer.
II
e seguiu seu curso -
infinito em suas curvas
terno em meu olhar.
III
silente e calado
ele desfez os mistérios -
canções ao luar.
IV
puro em sua nascente
desce o rio cortando o campo
espalhando vida.
V
e vai todo em brasa
dentro da noite ferida
onde os sonhos erram.
VI
vai feroz e louco
abrindo as portas do peito
galopando a dor.
VII
não é o rio da aldeia
mas o rio de todos nós -
Cachoeira o seu nome.
VIII
eu sigo o seu curso
sem lume, sem remo ou âncora -
triste e indignado.
IX
pois rio sem carinho
quando avista arranha-céus
vê-se a fenecer.
X
não morre de vez
porque é valente esse rio -
tinhoso e audaz.
XI
nada singra mais
as correntes deste rio -
só a lama humana.
XII
perdeu o vigor
e jaz de um modo indevido -
na forma de esgoto.
XIII
pois repousa agora
pousado em sua fortuna -
com febre e com frio.
XIV
lá vai o Cachoeira
faminto pelo caminho -
descendo pro mar.
XV
se querem um rio
para chamá-lo de seu
que venham salvá-lo
5 comentários:
Pelo blog do Jorge Elias caí aqui. Estou reconhecendo seu espaço. Que bom ver a poesia resistindo, levantando a voz da natureza.
Um abraço
Excelentes haicais, cantando e deplorando a lamentável a situação do rio Cachoeira.
Parabéns. Persista nessa luta - pela poesia e pela natureza.
Abraços.
A Natureza não "é" nossa, somos parte dela. Segue um poema 'ecológico', do meu livro ATINGUASSU, no prelo. Autorizo a publicação, desde que citados fonte e autor. Saudações Poéticas!
Predador
Pesa o peso
pois pesado
porque predas
paga o preço
pelo pouco
poetar
S. R. Tuppan,
Poeta pernambucano, editor da Revista POÉTICA XXI.
Gustavo,
seus haicais têm a Vida em si,
e merecem ser muito difundidos !
Abraços solidários !
Que bela surpresa encontrar seu blog. Vou visitar sempre!
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