sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Affonso Romano de Sant’Anna volta à poesia


Affonso Romano de Sant’Anna lança Sísifo desce a montanha (Rocco, 136 pp., R$ 19,50), livro que marca sua volta à poesia. Na obra, existencialista por natureza, o autor reflete sobre a passagem do tempo e a finitude, mas também sobre a vida que o rodeia.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Teatro Popular de Ilhéus lança a Editora Mondrongo


A primeira obra publicada será a reunião dos textos das peças “Teodorico Majestade” e “O inspetor geral”, de Romualdo Lisboa. O lançamento está marcado para este sábado.
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A publicação de “Teodorico Majestade - as últimas horas de um prefeito” e “O inspetor geral - sai o prefeito, entra o vice”, marca não apenas a estreia de Romualdo Lisboa em livro, como também a fundação, em Ilhéus, do selo editorial Mondrongo, vinculado ao Teatro Popular de Ilhéus, grupo que mantém viva na cidade a Casa dos Artistas.
“Já era tempo disso acontecer”, diz o escritor Gustavo Felicíssimo, que estará à frente do projeto, pois, segundo ele, “os autores ilheenses para publicarem suas obras sempre recorrem a empresas de fora da cidade. Agora teremos uma editora caseira, que oferecerá ao escritor local serviços compatíveis com os das melhores editoras do estado”. Além disso, garante Felicíssimo, os livros serão comercializados no site da editora e distribuídos nas livrarias da região.
Além de auxiliar e prestar serviços aos escritores locais que pretendam publicar em livro as suas obras, a Mondrongo também terá a função de dinamizar a atividade literária local, promovendo encontros com escritores, debates, cursos e concursos.
“Todos estão muito confiantes no sucesso dessa nova empreitada do Teatro Popular de Ilhéus”, diz Romualdo Lisboa, “pois se o cacau foi por muitas décadas a maior riqueza da região, foram seus escritores que fizeram a fama do lugar, retratando de maneira ficcional a rica cultura, a sociedade e seu modo de vida em obras que extrapolaram as nossas fronteiras”.
Para o diretor teatral e ex-secretário estadual da cultural, Márcio Meirelles, que faz um dos prefácios à obra, “a importância do trabalho de Romualdo e do Teatro Popular de Ilhéus não está somente no que fazem no palco. Como quem faz teatro de fato, o jeito como eles encaram seu ofício, para além da dramaturgia ou da cena, e a reverberação do que fazem importa tanto ou mais do que elas”.
Todos estão convidados para festa de lançamento que acontecerá sábado, a partir das 19:30h, na Casa dos Artistas. A programação será a seguinte:
19:30 – Recepção
20:00 – Apresentação da peça Teodorico Majestade – as últimas horas de um prefeito
21:00 – Lançamento do livro e sessão de autógrafos

Casa dos Artistas - Rua Jorge Amado, 39 – Ilhéus
Maiores informações com Gustavo Felicíssimo: 8842.2793

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Oração pelo poema - Poema Nº 1


Alberto da Cunha Melo

Escrevo de cabeça baixa
por que levantá-la depois?
Não o faça para ser visto
pelos que passarem na estrada.

Viver na mesma posição
mas deixando a alma sair
pelos olhos e pela boca,
como água a jorrar de uma estátua.

Este é o tempo em que Deus regressa
pelos quatro cantos da casa.
Vem desenterrar o poema
do meu corpo e gritar comigo.

Recebe-o diante do espanto
dos amigos que não o vêem,
tenho gestos incompreensíveis
e digo coisas já remotas:

Senhor, protege meu poema
e obscurece com tua sombra
os versos mortos, as palavras
que sobram, o tempo perdido.

Relação externa:
Poema único, dividido em 30 partes, é um dos mais belos da obra de Alberto da Cunha Melo. Foi escrito no verão de 1967 e publicado originalmente em 1969, em separata da revista Estudos Universitários, da Universidade Federal de Pernambuco. Está disponível, AQUI

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Carlos Falck, exímio e sofrido poeta


A literatura brasileira está repleta de ótimos poetas que não tiveram o prestígio de outros com menor talento. Esse é o caso de Carlos Falck. A produção poética de Falck estende-se por dez anos, de 1954 a 1964, quando comete o suicídio. Seus sonetos, segundo o saudoso Ildásio, são lapidares e suas redondilhas revestem de inovação a medida medieval construindo versos com um grande sabor de atualidade, mesmo quarenta anos após ter feito seu último poema. Sua poesia é basicamente existencialista. Percebam que o poema abaixo trata de uma carta suicida deste que foi um exímio e sofrido poeta.

Bilhete à Ilha

Mudarei meu silêncio em ventania
E meu andar para o norte em ir ao cais;
Não me perguntarei se vou ou vais
ao mesmo ponto que antes nos unia.

Apenas caminharei e nesse andar
descobrirei se me segues ou te sigo. 
Não me importo lembrar (se não te digo)
o que lembro se avisto cais ou mar.

Pois vou ao porto como se não fosse. 
Desligado do sonho e dos sentidos
descubro que não tenho mais amigos
e que o verde do mar jamais foi doce.

E mais descobrirei quando bem frio,
meu corpo navegar no mar vazio.

Em: Ofício de Cancioneiro e Outros Poemas, organizado por Ildásio Tavares e publicado pela Imago dentro da coleção Bahia: Prosa & Poesia.

Outros poemas do autor em:

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CBL revela os finalistas do Jabuti


Os finalistas das 29 categorias do Prêmio Jabuti foram anunciados nesta quarta-feira, dia 21 de setembro, em São Paulo. Para chegar a essa lista, o júri avaliou um total de 2.619 obras. Os vencedores serão conhecidos no dia 18 de outubro. Vai ficar para 30 de novembro o anúncio do Livro do Ano em Ficção e Livro do Ano em Não-Ficção. Os autores das duas obras levam para casa R$ 30 mil.
          Na categoria Poesia, no meu modo de ver, os mais forte concorrentes são Ferreira Gullar, com Em alguma parte alguma e Manoel de Barros, com a sua Poesia completa. É concordar, discordar e aguardar.  Veja aqui arelação dos finalistas.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Beleza de entrevista de Carlos Fuentes para O Estado de S. Paulo


O escritor mexicano Carlos Fuentes tem uma receita pessoal para manter o intelecto equilibrado: ler, ao menos uma vez por ano, o clássico D. Quixote, de Miguel de Cervantes. "Ele abriu todos os caminhos do romance moderno e sua obra mantém um frescor intacto: poucos livros, como D. Quixote, conseguem a proeza de mostrar que a primeira leitura é insuficiente para o leitor absorver toda sua riqueza", disse. Ele acabara de voltar de um périplo europeu de lançamento de La Gran Novela Latinoamericana (Alfaguara Espanha, 400 pp., R$ 58,60), em que oferece uma visão pessoal da história do romance escrito na América Latina. A tradução do livro já está assegurada pela Rocco. No ensaio, Fuentes exalta a importância de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, como o melhor romance latino do século 19.

Graciliano Ramos - 75 anos de Angústia


Para comemorar os 75 anos da primeira edição de Angústia, de Graciliano Ramos, a Record lança uma edição especial do romance e abre o simpósio "Graciliano Ramos - 75 anos de Angústia", um ciclo de debates que percorrerá cinco capitais do país e levará ao público uma visão multifacetada sobre esta obra publicada pela primeira vez em 1936 quando Graciliano estava preso. Participarão dos debates os professores Elisabeth Ramos (neta de Graciliano), Erwin Torralbo Gimenez, Hermenegildo Bastos, Wander de Melo Miranda e Belmira Rita da Costa Magalhães, todos especialistas na obra do escritor alagoano.
O primeiro evento ocorre na Universidade de São Paulo nesta terça-feira, dia 20 de setembro, das 10h às 12h e das 14h30 às 17h, e será aberto com um depoimento do escritor, professor, ensaísta e crítico literário Antonio Candido.
Haverá ainda encontros em Brasília (22/9), Salvador (04/10), Maceió (06/10) e Belo Horizonte (26/10). Neste último, o ciclo será encerrado com a exposição "Graciliano - 75 anos de Angústia", no Saguão da Reitoria da UFMG, onde serão exibidos documentos, textos e objetos do autor. Aqui na Bahia, o depoimento de abertura ficará a cargo de Hélio Pólvora.

Sonho no Absurdo


Jorge Elias Neto

I

O poeta sabe a textura exata do sonho.

E por perceber que os números são símbolos
que poderiam arrastar seu povo,
foi o primeiro a se equilibrar nos destroços.

Não azulava as dúvidas com preces
e entendia a sujeira como um vício da realidade.

Caminhando em silêncio,
observou que a ausência de espaço
não havia poupado nem mesmo as sombras.

Homens desencontrados
cruzaram o limite da incerteza
e bradavam:

– Não pedi esse conflito.
Mas, na dúvida,
deixo a arma engatilhada!

Nunca foi do poeta o primeiro momento...

Poema publicado no livro Rascunho do Absurdo (Flor & Cultura, 2010) dentro de um capítulo intitulado Gaza, que é dedicado ao poeta palestino Mahmoud Darwish, autor do antológico poema Carteira de identidade que, por indicação do escritor Miguel Carneiro, o leitor poderá conferir clicando aqui.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A invenção do povo judeu

Fonte: PublishNews

Professor de história contemporânea da Universidade de Tel-Aviv, Shlomo Sand questiona em A invenção do povo judeu (Benvirá, 576 pp., R$ 54,90 – Trad. Eveline Bouteiller), a identidade dos judeus como nação. Amparado em farta pesquisa, o autor questiona o discurso historiográfico canônico e formula a tese de que os judeus sempre formaram comunidades religiosas importantes em diversas regiões do mundo, mas não constituem uma nação portadora de uma origem única. O conceito de estado-nação é, portanto, posto em xeque, assim como a ideia de Israel como um Estado pertencente aos judeus do mundo todo – aqueles que escolheram outra pátria em vez de retornar à terra de seus ancestrais. Para o autor, Israel deveria reconhecer seus habitantes, seja eles israelenses ou palestinos.

Diálogos está com a 2ª edição esgotada


É com satisfação que informo que a 2ª edição de Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna está esgotada. Assim como a 1ª edição, a obra alcançou seus objetivos, revelando ao público um rol de doze talentosos poetas que dão continuidade à forte tradição de escritores da região cacaueira aqui da Bahia. Como se não bastasse, a obra ainda vem sendo utilizada na sala de aula de colégios tradicionais da região, assim como vem suscitando um vivo interesse da comunidade acadêmica.
Com a 2ª edição esgotada, surge a dúvida se devemos ou não continuar a expandir a obra, agregando assim novos valores ou se damos o trabalho por concluído, deixando por conta da editora a responsabilidade sobre novas reimpressões para atender a crescente demanda. Não obstante, um novo desafio tem me importunado, que é o de desenvolver o mesmo trabalho agora na área do conto.
Quem quiser saber mais sobre a obra é só CLICAR AQUI.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Está no ar a 60ª leva da Diversos Afins


Fabrício Brandão e Leila Andrade colocaram no ar a 60ª leva da revista virtual Diversos Afins com um conteúdo muito especial. Eis os destaques:

- O olhar do fotógrafo Paulo Neves numa exposição que registra paisagens humanas.
- Poemas de Edson Cruz, Sylvia Beirute, Basilina Pereira, Jorge Elias Neto, Ana Guillot, Rui Almeida, Líria Porto e Henrique Pimenta.
- Entrevista com a escritora Márcia Denser.
- Contos de Maurício de Almeida, Ana Peluso, Márcia Denser e Rodrigo Melo.
- Uma crônica de W. J. Solha sobre a poesia de José Bezerra Cavalcante
- Larissa Mendes volta suas atenções para o que há de novo no cinema argentino

 É só clicar AQUI e degustar

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SONETO DA MULHER AO SOL


Sempre afirmei que Soneto do amor total, Soneto da fidelidade e Soneto da separação formam a tríade dos poemas de Vinícius de Morais que mais gosto. São três poemas onde se revela um lirismo sentimental, tipicamente romântico, nunca abrindo mão do rigor métrico, rímico e, sendo o músico que foi, rítmico. A esses três acrescento agora um quarto poema, Soneto da mulher ao sol, um Alexandrino, diferentemente dos outros que são decassílabos.

SONETO DA MULHER AO SOL
[Vinicius de Moraes]

Uma mulher ao sol — eis todo o meu desejo
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
A flor dos lábios entreaberta para o beijo
A pele a fulgurar todo o pólen da luz.

Uma linda mulher com os seios em repouso
Nua e quente de sol — eis tudo o que eu preciso
O ventre terso, o pêlo úmido, e um sorriso
À flor dos lábios entreabertos para o gozo.

Uma mulher ao sol sobre quem me debruce
Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente
E que ao se submeter se enfureça e soluce

E tente me expelir, e ao me sentir ausente
Me busque novamente — e se deixa a dormir
Quando, pacificado, eu tiver de partir...

Duas palavras sobre o poema acima e uma pergunta

A forma indicativa deixa (penúltimo verso) no lugar da indicativa deixe, dominante ao longo do poema, sugere a realização do desejo do poeta por parte da amada e não a simples manifestação de um apelo que não se soubesse correspondido. No entanto, o livro Para viver um grande amor (José Olympio. 8ª ed. 1973) traz a forma subjuntiva deixe, e não a indicativa deixa. Esse seria mais um erro de revisão ou uma sutil emenda do autor?

Clique AQUI e relembre os sonetos do amor total, da fidelidade e da separação.

domingo, 11 de setembro de 2011

Sétima canção para Flora


Fico te olhando, leve e lépida,
correndo pelo nosso lar,
uma abelhinha no jardim,
entre os jasmins a desfilar;

fico te olhando, infantilmente,
e o meu sorriso, florescente,

mostra o meu  jeito, a minha face
de aedo breve e brando e livre,
em construção e sem disfarce:

fico te olhando, o tempo flui,
longo vagar que se dilui.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

29º Concurso Literário Yoshio Takemoto


A Associação Cultural e Literária Nikkei Bungaku do Brasil está recebendo trabalhos para concorrerem nas dez modalidades literárias do 29º Concurso Literário Yoshio Takemoto, sendo três em português: haikai, poesia e conto, mais sete modalidades em japonês: shôsetsu (conto), zui-hitsu (ensaio), tanka (poesia lírica), haiku (haicai), shi (poesia livre), senryû (poesia satírica) e hon-yaku (tradução do português para o japonês). Haverá premiação em dinheiro.

Mais informações aqui.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Maranhão 66 - O avesso do avesso


                 Por Nelson Motta

Está bombando no YouTube e provocando acessos de gargalhadas e deboches um filme de sete minutos em preto e branco com o prosaico título Maranhão 66.
Aparentemente é um documentário sobre a posse de José Sarney no governo do Estado, feito por encomenda do eleito. Mas é assinado por Glauber Rocha.
Com 35 anos, cabelos e bigode pretos, Sarney discursa para o povo na praça, num estilo de oratória que evoca Odorico Paraguaçu, mas sem humor, à sério, que o faz ainda mais caricato e engraçado. Sobre seu palavrório demagógico, Glauber insere imagens da realidade miserável do Maranhão, cadeias cheias de presos, doentes morrendo em hospitais imundos, mendigos maltrapilhos pelas ruas, crianças esquálidas e famintas, enquanto Sarney fala do potencial do babaçu.
Só alguém muito ingênuo, ou mal-intencionado, poderia imaginar que Glauber Rocha fizesse um filme chapa branca. Em 1964, com 25 anos, ele tinha se consagrado internacionalmente com Deus e o diabo na terra do sol e vivia um momento de grande prestígio, alta criatividade e absoluto domínio da técnica e da narrativa cinematográfica. E odiava a ditadura que Sarney apoiava.
O filme dentro do filme é imaginar o susto de Sarney quando o viu. Em vez de filmar uma celebração vitoriosa, Glauber usou e abusou da vaidade e do patrocínio de Sarney para fazer um devastador documentário sobre um arquetípico político brasileiro.
           Glauber dizia que o artista também tem de ser um profeta; mas a sua obrigação é de profetizar, não de que as suas profecias se realizem. O discurso de Sarney e as imagens de Maranhão 66 são os mesmos do Maranhão 2011, num filme trágico, cômico, e, 46 anos depois, profético.

        Para assistir o filme (antes que seja tarde), acesse, clicando aqui.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Edson Cruz tem novo livro na praça


Edson Cruz, poeta ilheense radicado em São Paulo há muito tempo, foi contemplado com a Bolsa de Criação Literária do Programa Petrobras Cultural, para terminar de produzir e editar seu livro Sambaqui (Crisalida, 64 pp., R$ 20), obra que será lançada neste sábado, dia 3 de setembro, das 15h30 às 18h30, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509, Bela Vista – São Paulo/SP).
          Figura conhecida na web, Edson Cruz teve poemas publicados nas duas edições de Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna e em outras antologias, tendo editado o site de literatura “Capitu” - que fazia parte da home do UOL como indicativo para leituras e livros - e, depois, concebido o site Cronópios. Em sua nova obra, poemas curtos dialogam com a presença e a percepção da morte, ao mesmo tempo em que primam pela concisão e musicalidade.
          Em breve os amigos poderão ler aqui uma resenha sobre esse novo livro de Edson Cruz. Aqui o link para seu blog pessoal.