sábado, 20 de junho de 2009

BLUES PARA MARÍLIA

Ao modo de Carlos Drummond de Andrade
Penso todos os dias em Marília.
Sobretudo penso em tudo que deixei por lá:
os companheiros de infância, minha mãe,
o pão caseiro feito pela Tia Vilder,
as férias em Panorama.
Penso principalmente no cheiro do café
(tenho cem por cento de café no sangue),
café bom das lavras da Fazenda Cascata
que já não existe mais.
Marília são flashes na memória:
os passeios pela Praça São Bento,
as visitas ao Paço Municipal.
Por isso esse velho Blues,
esse reverso n’alma,
o silêncio que revolve a voz
e o olhar demorado para as coisas sem sentido.
Marília é tudo que ainda sangra.

Ilhéus
2009. IX

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Gostei de ler ouvindo o eco de CDA: todo mundo tem a sua Itabira. O verso final é 10.