sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Um grande poeta preterido

Apesar de ser um dos vanguardistas da revista “Nova Cruzada” com a publicação de poemas e ensaios, Fernando Joaquim Pereira Caldas, ou simplesmente Fernando Caldas (1884/1922), que também utilizou o pseudônimo Piron Júnior, injustamente, está fora dos compêndios historiográficos da literatura baiana. E ao que nos parece, apenas duas enciclopédias de literatura brasileira citam de passagem o nosso poeta, são elas: “Dicionário Brasileiro Ilustrado”, de Raimundo Menezes, publicado pela Saraiva em 1969, e “Enciclopédia de Literatura Brasileira”, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Souza, publicado em 2001 pela Editora Global em parceria com a Fundação Biblioteca Nacional e Academia Brasileira de Letras.
Fernando Caldas é o patrono da cadeira de número 18 da Academia de Letras de Ilhéus, a qual teve Joaquim Lopes Filho como fundador, depois ocupada por Antônio Francisco Leal Lavigne de Lemos e Ruy Póvoas que a ocupa desde 12 de maio de 2006.

ANTÍFONA

A existência como a entendo,
firme executo:
entre o prazer e os males, vou vivendo
o meu minuto.

De meu credo a alma me instiga
a atos diversos:
amo com amor, trabalho a terra amiga
e faço versos.

É a glória de ser fecundo
que me extasia:
amar, lutar, cantar! E dar ao mundo
mais poesia!

Na alegria e em meio ao pego
ficar sereno!
Com a grandeza vil do sábio grego
ante o veneno.

Laborar, vencendo as dores
é o meu tesouro:
ver a terra, por mim, aberta em flores
e frutos de ouro.

E com anseio insatisfeito,
como num cofre,
depor o verso lúcido e perfeito
n’alma que sofre.

Que é a glória de ser fecundo
que me extasia:
amar, lutar, cantar! E dar ao mundo
mais poesia!

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