2008 foi, em nossas letras, o ano dedicado a Machado de Machado de Assis. 2009 é o ano para o Brasil lembrar os 100 anos da morte de Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”.
Figurando entre os mais importantes escritores da literatura brasileira, Euclides da Cunha morreu em 15 de agosto de 1909, aos 43 anos de idade, assassinado pelo militar Dilermando de Assis, amante de sua mulher, Ana. Nascido em 1866, na então província do Rio de Janeiro, cursou a Escola Politécnica e tornou-se engenheiro militar. Mas sua vocação sempre foi a escrita. Em 1897, como sabemos, viajou para Canudos, no sertão da Bahia, como correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo”. Foi designado como correspondente do jornal para cobrir a Guerra de Canudos, quando o Exército Brasileiro enfrentou e derrotou a resistência popular liderada por Antônio Conselheiro. As reportagens que escreveu para o jornal paulista transformaram-se no livro “Os Sertões”, ícone da literatura brasileira, parcialmente escrito em São José do Rio Pardo, cidade onde o escritor-engenheiro residiu entre 1898 e 1900, incumbido da reconstrução da ponte sobre o rio Pardo, que desabara.
Nas três famosas partes em que se divide - “A terra”, “O homem” e “A luta” - Euclides pôs o Brasil inteiro, as peculiaridades do nosso povo e a complexidade da nossa história. “Sua obra teve uma repercussão que o tempo só tem feito crescer”, afirmou o crítico literário Tristão de Athayde.
Engenheiro, jornalista, escritor e professor, Euclides da Cunha pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico e à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1903. Além do clássico “Os Sertões”, publicou também “Contrastes e Confrontos”, “Peru versus Bolívia” e “À Margem da História”, editado após sua morte. Oito anos após matar Euclides, Dilermando de Assis também assassinou o jovem Quidinho – Euclides da Cunha Filho –, que tentava vingar a morte do pai.
Cem anos depois do seu trágico desaparecimento, Euclides da Cunha continua vivo na admiração e no respeito dos seus milhões de leitores, pela admirável obra, entretanto, pouca gente sabe que Euclides da Cunha também fora poeta, de talento parco, é verdade, mas que à luz da historicidade não pode ser ignorado, como prova o poema a seguir, escrito aos 13 anos de idade.
EU QUERO
Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos
Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas
_ Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos
Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas...
Eu quero aí viver _ o meu viver funéreo,
Eu quero aí chorar _ os tristes prantos meus...
E envolto o coração nas sombras do mistério,
Sentir minh'alma erguer-se entre a floresta de Deus!
Eu quero, da ingazeira erguida aos galhos úmidos,
Ouvir os cantos virgens da agreste patativa...
Da natureza eu quero, nos grandes seios túmidos,
Beber a Calma, o Bem, a Crença _ ardente a altiva.
Eu quero, eu quero ouvir o esbravejar das águas
Das ásperas cachoeiras que irrompem do sertão...
E a minh'alma, cansada ao peso atroz das mágoas,
Silente adormecer no colo da solidão...
[1883]
Outros poemas de Euclides da Cunha em:
http://www.culturabrasil.pro.br/ondas.htm
Figurando entre os mais importantes escritores da literatura brasileira, Euclides da Cunha morreu em 15 de agosto de 1909, aos 43 anos de idade, assassinado pelo militar Dilermando de Assis, amante de sua mulher, Ana. Nascido em 1866, na então província do Rio de Janeiro, cursou a Escola Politécnica e tornou-se engenheiro militar. Mas sua vocação sempre foi a escrita. Em 1897, como sabemos, viajou para Canudos, no sertão da Bahia, como correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo”. Foi designado como correspondente do jornal para cobrir a Guerra de Canudos, quando o Exército Brasileiro enfrentou e derrotou a resistência popular liderada por Antônio Conselheiro. As reportagens que escreveu para o jornal paulista transformaram-se no livro “Os Sertões”, ícone da literatura brasileira, parcialmente escrito em São José do Rio Pardo, cidade onde o escritor-engenheiro residiu entre 1898 e 1900, incumbido da reconstrução da ponte sobre o rio Pardo, que desabara.
Nas três famosas partes em que se divide - “A terra”, “O homem” e “A luta” - Euclides pôs o Brasil inteiro, as peculiaridades do nosso povo e a complexidade da nossa história. “Sua obra teve uma repercussão que o tempo só tem feito crescer”, afirmou o crítico literário Tristão de Athayde.
Engenheiro, jornalista, escritor e professor, Euclides da Cunha pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico e à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1903. Além do clássico “Os Sertões”, publicou também “Contrastes e Confrontos”, “Peru versus Bolívia” e “À Margem da História”, editado após sua morte. Oito anos após matar Euclides, Dilermando de Assis também assassinou o jovem Quidinho – Euclides da Cunha Filho –, que tentava vingar a morte do pai.
Cem anos depois do seu trágico desaparecimento, Euclides da Cunha continua vivo na admiração e no respeito dos seus milhões de leitores, pela admirável obra, entretanto, pouca gente sabe que Euclides da Cunha também fora poeta, de talento parco, é verdade, mas que à luz da historicidade não pode ser ignorado, como prova o poema a seguir, escrito aos 13 anos de idade.
EU QUERO
Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos
Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas
_ Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos
Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas...
Eu quero aí viver _ o meu viver funéreo,
Eu quero aí chorar _ os tristes prantos meus...
E envolto o coração nas sombras do mistério,
Sentir minh'alma erguer-se entre a floresta de Deus!
Eu quero, da ingazeira erguida aos galhos úmidos,
Ouvir os cantos virgens da agreste patativa...
Da natureza eu quero, nos grandes seios túmidos,
Beber a Calma, o Bem, a Crença _ ardente a altiva.
Eu quero, eu quero ouvir o esbravejar das águas
Das ásperas cachoeiras que irrompem do sertão...
E a minh'alma, cansada ao peso atroz das mágoas,
Silente adormecer no colo da solidão...
[1883]
Outros poemas de Euclides da Cunha em:
http://www.culturabrasil.pro.br/ondas.htm
Um comentário:
È uma pena que poucos leiam Euclides,
poeta que escrevia com toda a essência da alma,chega-se a sentir apessoa,de tão enfático eram seus versos.Verddaeira preciosidade!
Diná
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