sábado, 10 de janeiro de 2009

Quando uma voz se cala

Uma voz se cala em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo baiano. Na tarde desta sexta-feira, 9, os santoamarenses deram o último adeus à sambista Edith Oliveira Nogueira, mais conhecida como Edith do Prato, 94, que ficou famosa por usar um prato e uma faca como instrumentos.
Edith participou do disco Araçá Azul, de Caetano Veloso, de quem foi mãe de leite. Trinta anos depois, aos 86 anos de idade, gravou o próprio CD, "Dona Edith do Prato e Vozes da Purificação", produzido pelo cantor e compositor J. Velloso..
Foram poucas, mas marcantes, as vezes em que as chulas, sambas-de-roda e lundus, típicos do Recôncavo baiano, subiram aos palcos pontuadas pelo toque do prato de dona Edith, que nunca imaginou fazer carreira artística e nem usou esse dom como profissão. Não teve nenhuma referência artística, mas um modo natural de tocar um simples prato de louça, fazendo o povo todo remexer.
Felizmente eu tive a rara oportunidade de vê-la no palco, com todas as suas “comadres”, em uma das edições da Festa de Santo Amaro, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, produzida por Jorge Portugal. Também tenho o Cd produzido por Jota Velloso que, aliás, precisa ser rapidamente reeditado. Uma voz se cala no recôncavo e deixa uma lacuna quase impossível de ser preenchida.

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