Merval
Pereira, quem diria, foi parar na Academia Brasileira de Letras. Ao ser eleito há
poucos dias para uma cadeira da Academia Brasileira de Letras, o jornalista
carioca, colunista de O Globo e comentarista do canal Globonews, tornou-se um
dos temas mais comentados no meio literário. Virou assunto por reavivar uma antiga
discussão: quem merece ser membro de uma academia de letras e quais os requisitos para isso?
Tudo
porque Merval Pereira tem apenas dois livros publicados, um deles em co-autoria
com outros autores. Embora isso, venceu com folga o renomado escritor baiano Antônio
Torres, autor de 17 obras publicadas, entre romances, contos e crônicas.
A
controvérsia deriva, na verdade, de um debate onde se destaca o componente
político de uma eleição na casa. Um dos acadêmicos chegou a afirmar que "o
Merval é um homem da mídia, alguém que, na política brasileira, tem importância”.
E que “isso pesa para alguns acadêmicos."
Outra distorção histórica ocorreu com Mário Quintana. O poeta
gaúcho, um dos maiores da língua portuguesa em todos os tempos, tentou por três
vezes uma vaga à Academia Brasileira de Letras, mas não obteve êxito. Ao ser
convidado a candidatar-se uma quarta vez, mesmo com a promessa de unanimidade
em torno de seu nome, o poeta recusou.
Um
caso clássico desse tipo de distorção é o do ex-senador e governador da Bahia,
Antônio Carlos Magalhães que, por ter sido benfeitor da Academia de Letras da
Bahia, teve lá o seu nome imortalizado.
Pelos
interiores do Brasil a coisa piora, multiplicam-se as academias de letras, onde
se acotovelam inúmeros alpinistas sociais, pessoas que buscam alguma visibilidade
pública muitas vezes à força do dinheiro ou do poder político, mas que em nada contribuem
com a língua ou literatura. São, em geral, políticos, advogados, jornalistas,
professores, colunistas sociais, mas escritores com obras relevantes, como
diria meu falecido pai, neca de pitibiribas.
2 comentários:
Também não achei coerente a escolha. Aliás, totalmente injustificável!
Boa crítica!
Caro Gustavo,
pensei em escrever artigo semelhante ao teu, em face aos últimos acontecimentos na ABL e essa proliferação absurda de academias literárias aqui na nossa região.
Não preciso mais. Seu artigo está perfeito.
Postar um comentário