terça-feira, 1 de junho de 2010

O Prêmio Camões 2010 é de Ferreira Gullar

Isso mesmo. O bom Ferreira Gullar recebeu a mais importante premiação literária de língua portuguesa. O poeta almoçava em um sugestivo local, chamado Sítio do Pica Pau Amarelo, na cidade de Monteiro Lobato, quando foi comunicado ontem de que vencera o Prêmio Camões, o mais prestigioso da literatura em língua portuguesa. "Estava justamente comentando sobre a magia dessa região, onde Lobato nasceu, quando recebi um telefonema", contou.
"É para um grande homem da lusofonia que o Prêmio Camões rende homenagem", declarou em uma coletiva à imprensa a ministra portuguesa de Cultura, Gabriela Canavilhas.
Ferreira Gullar publicou sua primeira coletânea de poemas em 1949. "Dentro da noite veloz" e "Poema sujo", da década de 1970, figuram entre suas obras mais importantes.
O Prêmio Camões, de 100 mil euros, foi criado em 1988 por Portugal e Brasil para homenagear autores lusófonos que tenham contribuído para enriquecer o patrimônio cultural e literário de língua portuguesa.

Veja a lista completa de ganhadores do Camões. Só tem fera:

1989 - Miguel Torga, Portugal.
1990 - João Cabral de Melo Neto, Brasil.
1991 - José Craveirinha, Moçambique.
1992 - Vergílio Ferreira, Portugal.
1993 - Rachel de Queiroz, Brasil.
1994 - Jorge Amado, Brasil.
1995 - José Saramago, Portugal.
1996 - Eduardo Lourenço, Portugal.
1997 - “Pepetela” - Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, Angola.
1998 - Antonio Candido, Brasil.
1999 - Sophia de Mello Breyner, Portugal.
2000 - Autran Dourado, Brasil.
2001 - Eugénio de Andrade, Portugal.
2002 - Maria Velho da Costa, Portugal.
2003 - Rubem Fonseca, Brasil.
2004 - Agustina Bessa-Luís, Portugal.
2005 - Lygia Fagundes Telles, Brasil.
2006 - José Luandino Vieira, Portugal/Angola (o autor recusou o prêmio).
2007 - Antonio Lobo Antunes, Portugal.
2008 - João Ubaldo Ribeiro, Brasil.
2009 - Arménio Vieira, Cabo Verde.
2010 - Ferreira Gullar, Brasil.

Fontes:
Jornal A Tarde / Estadão

DOIS POEMAS DE FERREIRA GULLAR

MEU PAI

meu pai foi
ao Rio se tratar de
um câncer (que
o mataria) mas
perdeu os óculos
na viagem

quando lhe levei
os óculos novos
comprados na Ótica
Fluminense ele
examinou o estojo com
o nome da loja dobrou
a nota de compra guardou-a
no bolso e falou:
quero ver
agora qual é o
sacana que vai dizer
que eu nunca estive
no Rio de Janeiro


CANTIGA PARA NÃO MORRER

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

2 comentários:

Hilton disse...

Já foi lançado seu novo livro? O Gullar merece.

Gerana Damulakis disse...

Merecido.