segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ilhéus 40°

Por Ildásio Tavares
Ildásio Tavares, Gustavo Felicíssimo e Heitor Brasilero Filho

Gustavo Felicíssimo me intima para ir a Ilhéus proferir uma conferência sobre a poesia de Sosigenes Costa, o Bardo de Belmonte. Por isso digo que me intima. Pela atraente grandeza da poesia do belmontense e pelo dever da amizade. Gustavo, do início da nossa amizade, cresceu na minha admiração e no meu afeto pelo verdadeiro sacerdócio que vem exercendo em prol da literatura; em prol da cultura e que, na condição de Diretor da Fundação Cultural de Ilhéus teve a sorte de achar um prior na figura elegante e dinâmica de Mauricio Corso.
Minha conferência estava inserida num evento que culminou com a entrega do prêmio Bahia de Todas as Letras, pelos dois importantes editores, a afabilíssima Baísa Nora, Diretora da Editus, a editora da UESC, e o Agenor Gasparetto, como é conhecido afetuosamente um gaucho de origem Italiana, fixado e transformado em grapiúna, diretor da Via Litterarum, editora tradicional da região. O prêmio é bancado pela Fundação Chaves com todo Apoio da Fundação Cultural de Ilhéus. Concorridíssimo, o prêmio este ano foi abiscoitado por muitos escritores jovens de diversas cidades do estado, e se reveste de maior importância porque além da premiação em dinheiro, estas editoras publicam em livro os trabalhos premiados. Isto, sem dúvida, constitui um relevante incentivo aos escritores emergentes que, hoje em dia, encontram pouco espaço para publicar seus trabalhos.
Destarte, Ilhéus salta à frente das demais cidades no prestígio à cultura. Fiquei sinceramente impressionado com o empenho da Presidência e de toda diretoria da Fundação de estimular a cultura. O Quartel General do evento foi o magnífico Teatro Municipal, com sua fachada Art Nouveau e seu recheio de um amplo palco com uma boca de cena de 7,5m e lugares para cerca de 500 espectadores, sentados em poltronas requintadas, dotado o teatro de um potente serviço de ar condicionado que chega a fazer frio se regulado a capricho.
O evento foi pontilhado de cenas teatrais, inclusive aberto por um palhaço vestido a caráter que arrancou risos da platéia. Foram tantos os conferencistas e de tão alto nível que neste espaço mal caberia para todos.
Pawlo Cidade, Diretor da Fundação lançou uma coleção de livros infanto-juvenis, com belas capas e ilustrações. Nisso tudo, Gustavo não parava pra baixo e pra cima, orquestrando a produção do evento, transportando os convidados, hospedando-os em hotéis sofisticados no Pontal que logo me trouxe um mundo de recordações. 1954, Av. Soares Lopes, 484, meus tios Auto Marques e Mariá, uma imensa rencada de primos irmãos, os Tavares Marques, eu Marques Tavares – Entendam, um caso comum no interior de casamento de dois irmãos com dois outros irmãos, Tio Auto irmão de minha mãe, tia Mariá irmã de meu pai. A gente atravessava o Pontal a nado. No primeiro dia eu tremi de medo. Mas meus primos já iam longe e eu não podia dar parte de frouxo. Pescávamos siris no cais antigo com tripas de galinha, um jereré, e uma lata de gás que levávamos cheia. E a beleza de Ilhéus.
Jéssica a mais velha de minhas meninas ficou encantada. Tirou inúmeras fotos de um alto de onde se avista a baía do Pontal. Abri minha palestra lendo um artigo sobre Jorge Amado que ali morou, estudou e ambientou seus romances imortais. Pra arrematar, a Fundação me levou pra almoçar no Vesúvio e jantar no Bataclan. Beleza pura.
Até logo Ilhéus, minha capital. Sou grapiúna. Meu umbigo está enterrado em Gongogi. Até logo.

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