sábado, 26 de junho de 2010

Três notinhas que valem a pena

Estreia de filme e peça teatral, ambos baseados na vida de escritores + lançamento de livros são destaque na imprensa escrita

Lançamento: Fábula de Saul Bellow

Depois de publicar “As Aventuras de Augie March”, no ano passado, a Companhia das Letras agora lança outro romance clássico de Saul Bellow (1915-2005), “Henderson, o Rei da chuva”, com tradução de José Geraldo Couto. Ambos chegam em traduções notáveis, que reproduzem a escrita cheia de energia e exatidão do autor. Apesar de muito diferentes entre si, os dois livros transmitem o mesmo humor e o mesmo prazer de compartilhamento. “Henderson”, além disso, é escancaradamente filosófico - suas especulações, nas palavras de um crítico, vão do sublime ao absurdo. Como nas melhores comédias. “Augie”, de 1953, e “Henderson”, de 1959, pertencem à primeira fase da obra do escritor, que já era então plenamente reconhecido nos Estados Unidos, mas nem tanto no resto do mundo, o que só viria a acontecer quando ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1976. Nessa fase inicial, Bellow prestava homenagens e pagava tributos à literatura do século XIX, ainda que nada de anacrônico sobrevivesse ao filtro de seu ouvido musical e atento à fala das ruas.

Fonte:
Valor Econômico - 25/06/2010


Keats foi poeta, sonhou e amou na vida

Na Inglaterra, na Austrália e na Nova Zelândia, a história é razoavelmente conhecida - o romance entre o poeta John Keats e sua musa, Fanny Brawne, ultrapassa a história da literatura. Havia o risco - essa história 100% romântica teria condições de interessar ao público não necessariamente de língua inglesa? Em Cannes, no ano passado, a diretora Jane Campion admitia que valia a pena ter arriscado. A resposta dos espectadores - jornalistas de todo o mundo - havia superado sua expectativa mais otimista. É verdade que “Bright Star”, traduzido para o português como “Brilho de Uma Paixão”, que estreia hoje nos cinemas, é o melhor filme da autora desde os sucessos do começo de sua carreira, com obras como “Um Anjo em Minha Mesa” e “O Piano”, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes.

Fonte:
O Estado de S. Paulo - 25/06/2010


Nos palcos, Clarice, Nara, Simone de Beauvoir e outros

O ritual de preparação leva duas horas, o que inclui a respiração ofegante, o corpo em movimentos bruscos, gritos e mantras entoados sem parar. A maquiagem, produzida delicadamente com a ponta dos dedos, consome mais uma hora e meia. E nada disso transforma Beth Goulart na personagem que encarna em "Simplesmente Eu, Clarice Lispector", monólogo cujo texto e direção ela também assina. "O mais delicado é encontrar o impulso, a emoção, o estado de alma da personagem", conta. "É essa emoção que une uma alma com a outra." Só minutos antes de entrar em cena, fitando a plateia pelas frestas da cortina, a atriz encontra a emoção e o impulso de Clarice Lispector (1920-1977). Essa metamorfose cênica, processo que só se desfaz ao rufar das palmas, é o desafio que mais sete diferentes espetáculos também apresentam nos palcos brasileiros. É uma tendência no circuito teatral: a vida real de escritores, poetas e músicos transformada em dramaturgia. Nara Leão, Simone de Beauvoir, Noel Rosa, Vicente Celestino, Lamartine Babo e Fiodor Dostoiévski são alguns dos personagens que voltam à cena em espetáculos nos quais a ficção e a realidade se misturam.

Fonte:
Valor Econômico - 25/06/2010

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