Tradutores veem erros em obras do vencedor de Prêmio da ABL
A Academia Brasileira de Letras, três anos após causar espanto ao dar seu prêmio máximo, o Machado de Assis (R$ 100 mil), ao economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque, que escreveu um livro em conjunto com Marcos Vinícios Vilaça, presidente daquela instituição, volta a ter uma de suas premiações no centro de uma polêmica. Tradutores apontaram erros que consideram "inacreditáveis" no trabalho do vencedor da categoria "tradução", o médico pernambucano Milton Lins, e contestam os critérios para a escolha dos laureados – que ocorre por indicação, e não por inscrição. Num poema do franco-uruguaio Jules Laforgue, em Pequenas traduções de grandes poetas-Volume 4, Lins traduz o que seria "têmpora" como "tampa" e transforma "fresca" em "frete". Os equívocos foram revelados pela tradutora Denise Bottmann, no blog Não gosto de plágio (link ao lado), e críticas ressoaram no meio. "São sandices completas, não têm nada a ver [com o original]”, afirmou Jório Dauster, tradutor de Nabokov e Salinger. Integrante da diretoria da Associação Brasileira de Tradutores, Joana Canêdo definiu os erros como "aberrantes". Criado em 2003, o prêmio de tradução da ABL já foi dado a Boris Schnaiderman (2003), Bárbara Heliodora (2007) e Paulo Bezerra (2009), entre outros.
Vencedor foi indicado por Ivan Junqueira e é colega de Vilaça na Academia Pernambucana de Letras
Colega do presidente da ABL, Marcos Vinícios Vilaça, na Academia Pernambucana de Letras o médico Milton Lins, 82, é um tradutor tardio. Começou aos 71 anos. Usa a aposentadoria para exercer a paixão, e já publicou, em edições de autor, dez livros com traduções. Questionado sobre os erros, disse: "É possível que eu tenha feito algumas variações. Mas não fui eu quem me premiei. Se eu fosse julgar, não me premiaria". Ele foi indicado pelo imortal Ivan Junqueira, que integrou, com Carlos Nejar e Evanildo Bechara, a comissão responsável pelo prêmio. Nem Junqueira nem Nejar souberam dizer de pronto quais foram os outros indicados ao prêmio - ambos disseram não lembrar. Num segundo contato, Junqueira afirmou que no primeiro telefonema tivera "um branco". "Mas agora lembro. Pensamos em Rosa Freire d'Aguiar, descartamos porque é viúva de Celso Furtado [que foi acadêmico]; em Leonardo Fróes, mas ele já ganhou; e em Paulo Henriques Britto, mas no ano anterior ele não tinha publicado [pré-requisito]".
Fonte:
Folha de S. Paulo - 19/06/2010
A Academia Brasileira de Letras, três anos após causar espanto ao dar seu prêmio máximo, o Machado de Assis (R$ 100 mil), ao economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque, que escreveu um livro em conjunto com Marcos Vinícios Vilaça, presidente daquela instituição, volta a ter uma de suas premiações no centro de uma polêmica. Tradutores apontaram erros que consideram "inacreditáveis" no trabalho do vencedor da categoria "tradução", o médico pernambucano Milton Lins, e contestam os critérios para a escolha dos laureados – que ocorre por indicação, e não por inscrição. Num poema do franco-uruguaio Jules Laforgue, em Pequenas traduções de grandes poetas-Volume 4, Lins traduz o que seria "têmpora" como "tampa" e transforma "fresca" em "frete". Os equívocos foram revelados pela tradutora Denise Bottmann, no blog Não gosto de plágio (link ao lado), e críticas ressoaram no meio. "São sandices completas, não têm nada a ver [com o original]”, afirmou Jório Dauster, tradutor de Nabokov e Salinger. Integrante da diretoria da Associação Brasileira de Tradutores, Joana Canêdo definiu os erros como "aberrantes". Criado em 2003, o prêmio de tradução da ABL já foi dado a Boris Schnaiderman (2003), Bárbara Heliodora (2007) e Paulo Bezerra (2009), entre outros.
Vencedor foi indicado por Ivan Junqueira e é colega de Vilaça na Academia Pernambucana de Letras
Colega do presidente da ABL, Marcos Vinícios Vilaça, na Academia Pernambucana de Letras o médico Milton Lins, 82, é um tradutor tardio. Começou aos 71 anos. Usa a aposentadoria para exercer a paixão, e já publicou, em edições de autor, dez livros com traduções. Questionado sobre os erros, disse: "É possível que eu tenha feito algumas variações. Mas não fui eu quem me premiei. Se eu fosse julgar, não me premiaria". Ele foi indicado pelo imortal Ivan Junqueira, que integrou, com Carlos Nejar e Evanildo Bechara, a comissão responsável pelo prêmio. Nem Junqueira nem Nejar souberam dizer de pronto quais foram os outros indicados ao prêmio - ambos disseram não lembrar. Num segundo contato, Junqueira afirmou que no primeiro telefonema tivera "um branco". "Mas agora lembro. Pensamos em Rosa Freire d'Aguiar, descartamos porque é viúva de Celso Furtado [que foi acadêmico]; em Leonardo Fróes, mas ele já ganhou; e em Paulo Henriques Britto, mas no ano anterior ele não tinha publicado [pré-requisito]".
Fonte:
Folha de S. Paulo - 19/06/2010
Tal questão não chega a nos causar espanto, pois aqui na Bahia o que bem temos são indícios de favorecimento de amigos por pessoas envolvidas tanto na promoção quanto no julgamento de obras literárias em concursos. Recentemente, o caso mais comentado foi o resultado do 4º Prêmio Wally Salomão de poesia, promovido pela Academia de Letras de Jequié, onde teriam sido premiados três poetas muito próximos de José Inácio Vieira de Melo, acadêmico daquela instituição, organizador do concurso e um dos jurados.
Um comentário:
Essas atitudes são lamentáveis! Não contribuem nada para a literatura, apenas para o bolso dos favorecidos!
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