Paulo
César Pinheiro nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 28/04/1949. Com seu primeiro parceiro, João de Aquino, compôs
"Viagem", em 1964. A partir de 1965 deu início à parceria com o
violonista Baden Powell, que durou muitos anos e abriu as portas do sucesso
para sua poesia. "Lapinha", "Quaquaraquaqua", "Aviso
aos navegantes" e "Refém da solidão" foram algumas das canções
que surgiram nessa época. É parceiro de inúmeros compositores nacionais, tendo
mais de 2.000 composições de sua lavra, sendo que 900 delas gravadas Em 2003, foi agraciado com o Prêmio
Shell de Musica Brasileira.
Em 2009, um
estudo biográfico aprofundado foi lançado e celebrou seus 60 anos de uma vida e
40 de carreira. Trata-se de A Letra Brasileira de Paulo César Pinheiro - Uma
jornada musical, projeto de Conceição
Campos, escritora e pesquisadora que por dez anos se
dedicou à pesquisa e ao estudo sobre a obra e vida do multimídia Paulo César
Pinheiro, aliando o cunho biográfico ao olhar analítico sobre sua obra e sua
importância para a cultura nacional.
Desavisados,
alguns leitores poderão achar que Pinheiro é basicamente letrista e compositor.
Enganam-se, pois ele é, sobretudo, poeta, e dos bons. Tipo de autor com o qual
vivo me batendo aqui na minha biblioteca, apaixonado que sou por redondilhas e
octossílabos, versos no qual ele é mestre.
Em
1983 lançou o LP "Poemas Escolhidos", registrando 33 poemas de sua
autoria. Tem cinco livros publicados: "Canto Brasileiro" (1973),
"Viola Morena" (1984), "Atabaques, Violas e Bambus" (2000), “Clave de Sal” (2003), obra
com a qual me entreti neste final de semana. E mais recentemente lançou o romance "Pontal de Pilar" (2009).
Abaixo,
dois poemas e um vídeo, onde recita Obá de Xangô, poema sobre Dorival Caymmi e
que muito me lembra meu grande amigo e mestre Ildásio Tavares, de grande
memória, também um Obá de Xangô.
PRAIA DO PORTO
Na praia do porto
amanheço.
Na pedra do cais tomo
assento.
Na água salgada eu me
benzo.
No brilho do sol me
oriento.
Na orla deserta eu
caminho.
Na trilha de concha me
enfeito.
No espelho de prata
mergulho.
No pé da palmeira me
deito.
No vento do mar me
penteio.
No cheiro do sal me
perfumo.
Na rede de palha
balanço.
No azul do horizonte me
aprumo.
Na estrela da tarde te
chamo.
Na ponte de tábuas te
vejo.
Num vão de maré te
contemplo.
Na luz do luar te
desejo.
No branco da espuma te
encontro.
Na areia do chão te
desenho.
No ronco das ondas te
encanto.
No sangue da aurora te
tenho.
No corpo moreno eu me
esvaio.
Na arrebentação me
energizo.
Na vela do barco
adormeço.
No canto do mar me
eternizo.
A
GRANDE VIAGEM
O mar tem muito
mistério,
A vida muito segredo.
O mar às vezes assusta,
A vida às vezes dá
medo.
A gente é só
marinheiro,
A vida é como oceano.
No mar tem
barco-fantasma,
Na vida tem desengano.
O mar é pura aventura,
A vida é a grande viagem.
Por isso o mar tem
quimera
E tem a vida miragem.
O mar é estrada
comprida,
A vida é um barco no
mar.
O mar vai dar em que
vida?
E a vida onde é que vai
dar?
Poemas extraídos do
livro Clave de Sal, 2003. Editora Griphus – Rio de Janeiro.
4 comentários:
Olá, foi um prazer estar aqui.
Acha que posso colocar num dos
meus blogues um destes poemas?
Basta me deixar um comentário.
Um abraço
Claro que pode, meu caro! Ademais, P.C.Pinheiro é um bom poeta e merece ter sua obra cada vez mais divulgada.
Adorei! ja te sigo.
beijo
Salve, Gustavo!
P. C. Pinheiro é mestre.
Tenho me emocionado cada vez mais
ouvindo as parcerias dele com Guinga(outro mago) no cd "Delírios Cariocas" de Guinga: Saci e Passarinhadeira, obras-primas da Música. E ainda tem gente que escolhe o Zé Carioca como símbolo de sei-lá-o-que...outros escolhem o pica-pau...
Pertenço à Sociedade de Criadores de Saci e observo o Saci como se observam as estrelas no céu.
Abraços, meu amigo!
Recomendações aos sacis e passarin hos da sua terra!
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