Será
sempre chato dar esse tipo de notícia, principalmente quando ela diz respeito a
um escritor do qual gosto imensamente. O fato é que um AVC foi o motivo da
internação de Millôr Fernandes, aos 86 anos, na última terça-feira (01/02). Ele
está internado no CTI do Hospital São Vicente, no Rio de Janeiro e respira por
aparelhos. O escritor também teve complicações renais e está fazendo diálise.
A
presença de Millôr Fernandes no meu imaginário está muito ligada às suas
traduções que fez de Shakespeare e ao haikai. A ele se deve muito do desenvolvimento
dessa forma poética no Brasil, sempre a partir das suas tiradas humorísticas
nas revistas O Cruzeiro, primeiramente, e depois na Veja. Millôr deu um ar
descontraído ao haikai, o aproximando do poema-piada, eliminando a métrica,
título e referências às estações do ano, contribuindo para o aparecimento de
jovens poetas. Esse formato é também conhecido por Senryu por tratar de
questões unicamente humanas, em tom irônico ou satírico.
Em
seu livro Hai kais[1],
em breve introdução à obra, Millôr afirma ver o haikai como uma forma fundamentalmente popular e,
inúmeras vezes, humorística. E assim compôs e publicou os seus sempre
acompanhados por ilustração que acentua o sentido cômico dos seus versos.
Alguns haikais de Millôr Fernandes:
Viva
o Brasil
Onde
o ano inteiro
É
primeiro de abril
***
O
velho pinho
Não
dá mais pinha;
Só
passarinho
***
Velho
de dar dó.
Se
for espanado
Volta
ao pó.
***
Escritores:
Pensador
é o que cita
Pensadores!
***
Esquece
os preitos.
No
banheiro só existem
Teus
defeitos
Um comentário:
Millôr Fernandes é e será sempre um grande escritor. Espero que recupere e que ainda nos deleite com uma ou mais obras. Um abraço.
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