sábado, 13 de dezembro de 2008

HOJE, 72 ANOS DE
ADÉLIA PRADO

Deus é uma unidade. Poesia, cotidiano, sexualidade e fé, como tudo que existe, procedem dEle e só por isso estão e estamos na unidade. Seria impossível a criação de qualquer obra fora desta unidade radical. Uma sexualidade separada da fé, uma fé fora do cotidiano e tudo fora da poesia não dá pra agüentar. A poesia é a face de Deus contemplada na brutalidade das coisas. Me perdoe, é uma auto-citação, mas não vejo maneira melhor de responder. Adélia Prado.

Além de mineira, percebemos que sua poesia possui a influência marcante de Drummond, um dos primeiros poetas a incentivar e tornar conhecida sua pessoalíssima poesia, sugerindo ao editor, Pedro Paulo de Sena Madureira a publicação de sua obra, hoje traduzida e difundida em várias línguas.

O primeiro poema do seu primeiro livro, “Bagagem”

COM LICENÇA POÉTICA

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Links interessantes:
http://www.jornaldepoesia.jor.br/ad.html
http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=3710

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