domingo, 28 de dezembro de 2008

Hodierno


Aqui, onde bárbaros viram heróis,
onde por vergonha ou medo
todas as vozes se calam
num delito coletivo e contraditório,
todas as solidões se proliferam
e os remorsos frutificam
silêncios cada vez mais vastos.
Os sons do vazio se expandem,
mordaças são distribuídas gratuitamente
e na mente do incauto
a aparente sensação de felicidade
enquanto o amanhã, por mais remoto que pareça,
ri da hipocrisia reinante
e abrolha nos comerciais de televisão.
Ah, já não faço mais planos,
meu futuro é o tempo presente
gasto com tudo o que não possui serventia,
sou guardião do pretérito,
o anfitrião das coisas vãs
e vivo porque em viver não há mistério,
apenas uma perene solidão e seu perfume.
Existo pela palavra, resisto pela fé,
ouço a voz de Deus a me abraçar
como se abraça uma criança;
deixei minha sombra na primeira esquina
e me demiti desse tempo baço:
aprendi a cantar a desimportância das horas
e a viver eternamente feito um infante.


26.12.2008

Um comentário:

Anônimo disse...

É UM POETA PRESCUSTA O PASSAR DO TEMPO VÃO. A FORÇA DE VERSOS NOS INUNDA DE QUE HÁ UM DEUS VERDADEIRO REINANDO SOBRE NOSSAS FONTES. PARABÉNS, FELICÍSSIMO, DIGNO POEMA PARA SER INSERIDO NUMA ANTOLOGIA NACIONAL! TE ABRAÇO E TE MANDO MEUS VOTOS DE UM PROMISSOR 2009... 2010...2011 QUE VENHA O TEMPO, NÓS, JAMAIS TEREMOS MEDO DELE! UM ABRAÇO AFETUOSO NA POETA NOÉLIA ESTRELA, EM ADYLSON MACHADO, AGENOR GASPARETTO, JORGE DE SOUZA ARAÚJO E NO POVO BOM DE ITABUNA! TEU IRMÃO E AMIGO, MIGUEL CARNEIRO.