Estou em mim e comigo,
tenho o que tenho e não sou
além do vento da tarde
o sentir que se tardou.
Vou ao sabor do que sinto
e sentimento é razão,
mas o que não me comove
é somente o coração.
Tenho o resto comovido
e por assim diferente
falo de mim sem ser eu
enquanto estou com a gente.
Mas ao sentir-me sozinho
volto ao que sou e que fui
enquanto a melancolia
calmamente se dilui.
Falck nasceu em Salvador no ano de 1936 e lá cometeu suicídio em 1964, com menos de 30 anos, portanto. Alguns dos seus poemas demonstram claramente essa disposição.
Mais sobre o autor: http://sopadepoesia.blogspot.com/2010/04/carlos-falck-eximio-e-sofrido-poeta.html
segunda-feira, 19 de julho de 2010
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Um comentário:
Puxa, adorei o poema do Carlos Falck!
Gostei da dúvida e da incerteza sobre os limites do ser alguém ou se ser a mesma pessoa sempre. Também é possível ver o sentimento de efemeridade da vida em "não sou além do vento da tarde"...
Belíssimo post!
Andreia
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