Dia 02 de Julho, após a Seleção Brasileira tomar aquele vareio da Holanda, eu e os poetas George Pellegrini e Piligra fomos almoçar em uma churrascaria e tomar umas geladas a fim de colocarmos o papo em dia.
De uma das laterais do restaurante apreciamos a bela vista do Rio Cachoeira, parte da mata atlântica e a vida pulsando ao seu redor. Muitas cores. Inúmeros pássaros, como garças e graúnas, à margem do rio espreitando suas presas; outros, ao final da tarde, revoando em busca de abrigo.
Em clima de descontração começamos a escrever haikais. Exercícios apenas, embora frutos da vivência, de momentos observando a natureza.
Alguns deles são individuais, outros foram feitos a seis mãos. Ao final, há até a tentativa de uma renga (que acredito possamos retomar). Os haikais individuais estão assinados com as iniciais de cada autor: George Pellegrini (GP); Piligra (PI); Gustavo Felicíssimo (GF). Os coletivos estão com as três iniciais (GP PI GF).
as garças imóveis
lamentam a existência -
os carros passeiam
(GF)
tantas baronesas
e uma ponte solitária -
o mundo é cruel
(GP)
o rio segue a sina
da solidão da existência -
o mar: sua piscina
(PI)
gavião planando -
o olhar aguçado espreita
a presa sonhando
(GP PI GF)
paisagem invernal -
uma pintura abstrata:
roupas no varal
(GP)
reflete a cidade
sob o concreto da ponte -
piligra sorri
(GF)
reflexo difuso -
o rio como espelho vivo
e a imagem de um vôo
(PI)
as garças paradas
são pontos brancos no rio:
velho cachoeira
(GP)
feito uma galinha
a saracura se move:
atriz no tablado
(GF PI GP)
na margem do rio
a garça contempla calma
o peixe arredio
(PI)
as pedras cinzentas -
herança amaldiçoada
do rio cachoeira
(GP)
no voo de uma garça
a eternidade imprópria
sempre me ultrapassa
(PI)
céu azul turqueza
após a mata atlântica
um mar de beleza
(GF)
branco, branco, branco -
é imponenente o império
das garças no rio
(GP)
congelada a estátua
da garça, na margem cinza
é pura poesia
(PI)
desce o rio cortando
ávores, pássaros e pedras -
o olhar do poeta
(GP PI GF)
a pedra polida
deixa o rio insatisfeito -
é a regra da vida
(PI)
a regra da vida
nega a nossa existência -
instinto fatal
(GF)
-
parado o rio
calado, insonoro -
histórias a fio
na colcha de minha avó
as imagens da infância
(GP)
flores sobre a mesa -
no olhar do poeta triste
o abstrato não existe!
não fosse a ponte sobre o rio
de um dos lados faria frio
(PI GF)
Piligra é Lourival P. Júnior, Professor universitário (UESC/BA) com Mestrado em filosofia pela UFPB (Universidade Federal das Paraíba). Publicou “Fractais”, 1996. Possui poemas publicados em “Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna”. Blog: http://kartei.blogspot.com/
George Pellegrini é licenciado em Letras pela UESC e doutorando em Literatura e Comunicação pela Universid de Sevilla (Espanha). Recebeu vários prêmios em poesia e conto, entre eles o Jorge Amado (UESB) e o Castro Alves (Salvador). Possui poemas publicados em “Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna”. E-mail: pellegrini13@yahoo.es
De uma das laterais do restaurante apreciamos a bela vista do Rio Cachoeira, parte da mata atlântica e a vida pulsando ao seu redor. Muitas cores. Inúmeros pássaros, como garças e graúnas, à margem do rio espreitando suas presas; outros, ao final da tarde, revoando em busca de abrigo.
Em clima de descontração começamos a escrever haikais. Exercícios apenas, embora frutos da vivência, de momentos observando a natureza.
Alguns deles são individuais, outros foram feitos a seis mãos. Ao final, há até a tentativa de uma renga (que acredito possamos retomar). Os haikais individuais estão assinados com as iniciais de cada autor: George Pellegrini (GP); Piligra (PI); Gustavo Felicíssimo (GF). Os coletivos estão com as três iniciais (GP PI GF).
as garças imóveis
lamentam a existência -
os carros passeiam
(GF)
tantas baronesas
e uma ponte solitária -
o mundo é cruel
(GP)
o rio segue a sina
da solidão da existência -
o mar: sua piscina
(PI)
gavião planando -
o olhar aguçado espreita
a presa sonhando
(GP PI GF)
paisagem invernal -
uma pintura abstrata:
roupas no varal
(GP)
reflete a cidade
sob o concreto da ponte -
piligra sorri
(GF)
reflexo difuso -
o rio como espelho vivo
e a imagem de um vôo
(PI)
as garças paradas
são pontos brancos no rio:
velho cachoeira
(GP)
feito uma galinha
a saracura se move:
atriz no tablado
(GF PI GP)
na margem do rio
a garça contempla calma
o peixe arredio
(PI)
as pedras cinzentas -
herança amaldiçoada
do rio cachoeira
(GP)
no voo de uma garça
a eternidade imprópria
sempre me ultrapassa
(PI)
céu azul turqueza
após a mata atlântica
um mar de beleza
(GF)
branco, branco, branco -
é imponenente o império
das garças no rio
(GP)
congelada a estátua
da garça, na margem cinza
é pura poesia
(PI)
desce o rio cortando
ávores, pássaros e pedras -
o olhar do poeta
(GP PI GF)
a pedra polida
deixa o rio insatisfeito -
é a regra da vida
(PI)
a regra da vida
nega a nossa existência -
instinto fatal
(GF)
-
parado o rio
calado, insonoro -
histórias a fio
na colcha de minha avó
as imagens da infância
(GP)
flores sobre a mesa -
no olhar do poeta triste
o abstrato não existe!
não fosse a ponte sobre o rio
de um dos lados faria frio
(PI GF)
Piligra é Lourival P. Júnior, Professor universitário (UESC/BA) com Mestrado em filosofia pela UFPB (Universidade Federal das Paraíba). Publicou “Fractais”, 1996. Possui poemas publicados em “Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna”. Blog: http://kartei.blogspot.com/
George Pellegrini é licenciado em Letras pela UESC e doutorando em Literatura e Comunicação pela Universid de Sevilla (Espanha). Recebeu vários prêmios em poesia e conto, entre eles o Jorge Amado (UESB) e o Castro Alves (Salvador). Possui poemas publicados em “Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna”. E-mail: pellegrini13@yahoo.es
Um comentário:
Havia um rio
na minha infância.
Ainda há.
Corre lento agora.
Posso ouvi-lo cantar.
Segredos
que já não mais
podemos decifrar.
E quando eu já não for
ele ainda será.
Até
que o sol esfrie
ou arrebente.
Também fiz este poema para o rio Cachoeira (Piracaia). LIndos os poemas. Abraço!
Postar um comentário