segunda-feira, 4 de abril de 2011

Confissão

Trago de longe essa calça jeans,
uma camiseta desbotada
e aquele velho chapéu que já não serve pra nada.
Trago também um olhar disforme
para as coisas do mundo, 
mas não tenho a intenção de ser profundo.
Se meu canto perpassa o que sou
é porque abraço o que tenho e preciso:
o silvo de algum pássaro distante
e certas elegias sobrepondo-se ao tempo.
Por isso essa imagem desbotada,
essa espada na minha cabeça
apesar da claridade na janela.
A despeito do meu olhar extravagante
a minha alegria é não possuir nada.
Sou o espelho da minha ilusão. 

3 comentários:

Anônimo disse...

Um poema de um verdadeiro poeta. Ruy Espinheira certa vez o definiu assim, como um verdadeiro poeta, e é de se concordar. É um poema lindo.
Tiago Groba

Gustavo Felicíssimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fátima Santiago disse...

Gostei do poema, Gustavo, vc está a cada dia escrevendo melhor, com mais inspiração. Abçs.