Alberto
da Cunha Melo
O que hoje recebes
e não podes pegar,
guardar
em panos e papéis
laminados,
é imperecível,
presente onipresente.
Estás com ele na chuva
e não temes que se
desfaça.
Estás com ele na
multidão
e não o escondes dos
mutilados.
O que não existe para
os homens
deles estará protegido,
o que os homens não
vêem
não poderão espedaçar.
Eis o que não te
denuncia
porque não tem face
nem volume para ser
jogado no mar.
Eis o que é jovem a
cada lembrança
porque não tem data
e série, para
envelhecer.
O que hoje recebes
não pode ser devolvido.
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