O que faltou para que o
acervo glauberiano fosse trazido para a Bahia, terra natal do cineasta?
No
dia 22 de agosto completa-se 30 anos da morte de Glauber Rocha. Nesse mês o
cineasta baiano certamente será muito lembrado e homenageado. Muitas matérias estamparão
jornais, sites e blogues do país. A primeira delas, nada agradável – pelo menos
é assim que a vejo – para os baianos, quem deu foi O Estado de São Paulo no
último dia 12. Abaixo, alguns trechos da matéria:
Originado da obstinação da mãe de Glauber em
fazer as palavras do filho ecoarem mundo afora, o Tempo Glauber, no Rio, (...)
sempre viveu na corda bamba. Desde o início do ano, não recebe recursos do
Ministério da Cultura destinados a seu custeio, o que faz com que a família
Rocha use dinheiro próprio para mantê-lo aberto, abrigando e difundindo sua
produção intelectual. Anteontem, a luz chegou a ser cortada. (...) Sem querer
arriscar um acervo riquíssimo salvaguardado por Dona Lúcia com doses iguais de
amor e meticulosidade, eles venderam em dezembro à Cinemateca Brasileira, por
R$ 3 milhões, roteiros, fotografias, manuscritos, poemas (cabem et ceteras) -
tudo digitalizado -, num total de 25 metros lineares reveladores do pensamento
e da poética do cineasta. A transferência para São Paulo já foi feita.
***
Em
relação ao acervo glauberiano, o que me intriga é o fato dele não estar aqui na
Bahia, em Salvador ou na sua cidade natal, Vitória da Conquista, onde a casa em
que o cineasta nasceu continua bem preservada, com um jardim lateral bem cuidado
e enormes janelas frontais ao estilo colonial.
Em
março de 2008, na abertura da exposição Glauber, Uma Revolução Baiana, no foyer
do Teatro Castro Alves, filha e mãe do cineasta, Paloma Rocha e Lúcia Rocha,
anunciavam que todo acervo do cineasta poderia vir para a Bahia, que "tudo
agora está nas mãos dos poderosos". Entre os tais "poderosos",
estava o secretário de Cultura do Estado, Marcio Meirelles, que fez o convite
para que acontecesse aquela exposição em homenagem aos 69 anos de Glauber. Na
abertura da exposição, Meirelles e familiares do cineasta assinaram um
compromisso de intenção para trazer o acervo digital do Tempo Glauber para
Salvador.
Segundo
o Jornal A Tarde de 14 de março de 2008, as conversas iniciais indicavam que havia
o interesse de que este ponto digital, que daria acesso aos quase 70 mil
documentos da produção intelectual do cineasta, fosse para a Diretoria de Artes
Visuais e Multimeios, mas a maior possibilidade é que fosse instalado dentro da
UFBA. Entretanto, em 2010 o acervo em questão foi adquirido pela Cinemateca
Brasileira, órgão do Ministério da Cultura, e foi para a sua sede em São Paulo.
Nada
contra a Cinemateca Brasileira, de belíssima história, onde tenho certeza que o
acervo de Glauber estará muito bem preservado, tampouco contra a cidade da
garoa, mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: o que faltou para que o acervo
glauberiano fosse trazido para a Bahia, terra natal do cineasta? Se alguém
puder nos responder...
Visite
o site do Tempo Glauber clicando AQUI.
AQUI
para ler ótimo texto do mestre André Setaro sobre Glauber Rocha.
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