Todo
pai de primeira viagem descobre rapidamente o quanto seu novo papel é delicioso
e desafiante. Delicioso porque voltamos ao mundo da fantasia e sonhamos com
mais intensidade, ao mesmo tempo nos tornamos menos vulneráveis às provocações
externas. Desafiante porque, com nossas experiências de filho, somos impelidos
a superar nossos pais. Somos chamados a transcender nossos limites. É aí,
talvez, que reside o motivo maior da paternidade.
Sempre
estive literalmente infenso às datas comemorativas, como o natal, dia das
crianças, dia das mães, e outras. Entretanto, às portas dos meus 40 anos, algo
começou a mudar. Num momento em que já não alimentava qualquer aspiração à
paternidade, ela me apanhou e me virou pelo avesso. Foi então que percebi o
quanto ser pai é um exercício constante de generosidade, abdicação, tolerância,
paciência. É, também, viver em estado permanente de transformação interior.
Ser
pai é delicioso e desafiante, é acordar de madrugada preocupado com o choro do
filho, mas é também lhe oferecer o conforto necessário dos nossos braços para
que volte a dormir. É saber que o filho vai requerer para si todo o tempo que
sua mãe tiver, e mesmo assim seremos completamente loucos por eles. Ser pai é
trocar fraldas, limpar cocô, perder noites de sono. É chegar exausto ao final
do dia e mesmo assim encontrar mais um pouquinho de energia para dedicar-se ao filho.
Mas também é se emocionar com um sorriso, com os primeiros passos, primeiras
palavras. Ser pai é comemorar o dentinho que está nascendo e ficar parecendo um
tolo quando se ouve o primeiro... papai.
Devido
aos apelos midiáticos e publicitários que infestam nosso cotidiano, poderia continuar
aceitando que o Dia dos Pais é apenas mais uma data meramente ilustrativa,
comercial, cujo ápice supostamente ocorre na oferta dos tradicionais presentes.
Mas isso pode ser visto de outra forma.
Recorrendo
ao dicionário, encontrei o adjetivo “paterno” como significante de algo que
“lembra o amor de pai”. Convenci-me, então, que a maior gratificação de um pai
no Dia dos Pais não é receber um presente ou ter reservado no calendário um dia
para ser lembrado mais efusivamente. No Dia dos pais a maior gratificação de um
pai é poder oferecer a seu filho mais um pouco de amor e carinho.
Um comentário:
Amorosidade transborda dessa crônica sincera. Adorei. Bjs.
Postar um comentário