Pitada de pitacos
para a receita de Gustavo Felicissimo:“Dendê no haikai – Aspectos do Haikai na Bahia”, tese em andamento aumentativo
[Tomo I]
Gustavo, meu irmão:
Foi muito
bacana o contato que tivemos na festa de lançamento do seu livro “Silêncios” (que me surpreendeu pela
bela edição e alta qualidade do acabamento gráfico oferecido pela itabunense Via Litterarum).
[Alegria em
dobro: pelo seu livro e pela boa surpresa que foi a estreia na poesia impressa
(“Flores do ocaso”) do nosso amigo Bernardo Linhares, sábado último, lá no
sebo Praia dos Livros.]
[Pena que
você não pudesse ficar mais um dia em Salvador para jogarmos conversa fora
(molhando as palavras, of course) a
respeito de poesia e, principalmente, sobre haikai.]
Estou
contente com sua decisão de pesquisar e documentar os haikaistas baianos em
tese de graduação e coloco-me à sua disposição para trocarmos ideias, figurinhas
e debatermos este assunto sempre que for possível.
Conforme
você me solicitou, passo adiante alguns apontamentos e observações a respeito
do tema, listando alguns dos haikaistas baianos (nascidos na Bahia) &
‘baianos’ (por opção, como nós) para colaborar no desenvolvimento da sua tese “Dendê no Haikai – Aspectos do haikai na
Bahia”. [Além de algumas informações complementares importantes para o
melhor entendimento da baianização do haikai.]
São apontamentos, informações catadas
aqui e ali e excertos comentados da primeira edição (sendo revista) do meu
livro “Oku – Viajando com Bashô” (1ª edição, 1995), que passo a
você para melhor aproveitamento.
Sobre aquela 1ª edição de “Oku”:
devo dizer que ela me proporcionou grandes alegrias, desde o recebimento do Prêmio Cecília Meireles de Melhor obra de Antologia, Ensaio, Pesquisa e
Tradução de Poesia de 1996 até as manifestações encorajadoras de
escritores, críticos, jornalistas e intelectuais brasileiros, haikaistas ou
não, que muito me sensibilizaram.
E parece-me que o cunho didático-simplificado que tentei dar
à obra tem alcançado resultados razoáveis no sentido de incentivar mais e novas
viagens pela estrada haikai da poesia. O que, cá entre nós, é ótimo.]
[Hoje sinto necessidade de ampliar aquela primeira edição e
atualizá-la, até porque ela foi escrita antes das facilidades da internet,
verdadeiro país das maravilhas para pesquisa e descobertas para as alices
anacrônicas como as da nossa geração.
O melhor de
tudo é que a internet possibilita uma comunicação ágil, como esta, agora, em
que estou simplesmente digitando e enviando-lhe este texto via e-mail. Vapt
vupt. Simples assim.]
Acredito
ainda que, colaborando para exposição destes apontamentos no seu blog Sopa de Poesia, conforme você me
disponibilizou, creio que eles poderão ser úteis também para os seus leitores
internautas, que poderão enriquecê-los com mais e novas informações,
contribuindo sobremaneira para a divulgação do haikai.
Tomo a liberdade de lhe encaminhar,
também, este logotítulo, com o qual assinei meus haikais por bom tempo em A Tarde (em caderno literário editado
por Tasso Franco), Tribuna da Bahia (em caderno editado por
Raimundo Lima) e outras publicações.
Este logotítulo foi desenhado pelo diretor de arte Adalberto Vasconcelos para a capa do
meu primeiro livro de haikais, “Sashimi”
(1987, Edições Espaço Bleff, de
legendária e saudosa memória, dos poetas Aninha
Franco e Claudius Portugal).
[A propósito do plural de haikai,
do jeito que escrevo, haikais:
você bem sabe que deveríamos escrever em português como o faz o japonês, assim
mesmo, haikai, no singular
(que lá, em qualquer uma das quatro formas escritas – nas ideogramáticas hiragana, katakana e kanji e até
mesmo na escrita em letras romanas, roomaji
– é singular e plural ao mesmo tempo, sendo diferenciado conforme o sentido da
frase), daí que o correto seria mesmo os
haikai.]
[Mas, como diziam os antigos, o uso do cachimbo faz a boca
torta, pessoalmente, prefiro sempre a imperfeição dessa nossa mania de escrever
como a gente fala e que faz a riqueza da nossa língua e nossa gramatiquinha
(como dizia Mário de Andrade). Daí,
a opção por haikais.]
Voltando ao logotítulo: ele servirá para identificar minhas
colaborações no seu blog, conforme combinamos (um haikai a cada semana, após
esta primeira colaboração).
E tome-lhe Control C / Control V,
também, de várias ilustrações e fotos que pesquei, aqui e ali para amenizar a
aridez deste texto. Pirataria internauta.
[A respeito dessas ilustrações: destaco aqui, pelo menos,
duas delas. A de abertura do próximo tomo, por exemplo, que eu acho muito boa.
Ela conta com o fino traço do Flávio Luiz e foi publicada há uns dez anos numa reportagem
assinada pela jornalista Cyntia Nogueira,
no Correio da Bahia.
[Gostei tanto que ainda vou pedir a ele licença para usar
como capa de um livro meu de haikais (“Baixou
Bashô”) anunciado desde os anos 1980, mas ainda não publicado.]
Flavinho traduz, nos traços rápidos – mas
delicados – do seu cartum, a presença do haikai na Bahia, com o poeta samurai
descendo a ladeira do Pelô entre emblemáticas folhas de chá (isso aí: Baixou Bashô no Pelô… provavelmente ao
som do Olodum tocando taikô, aquele
bumbão japonês).
Também devidamente pirateada, uma outra ilustração – com a
qual você vai se deparar em tomo a seguir – é a que meu bom amigo mineirinho Cau Gomez, hoje oficialmente ‘cidadão
baiano’ e o mais premiado dos nossos ilustres ilustradores, fez sobre outro
insigne cidadão baiano, Afrânio Peixoto.
É muito boa.]
Ainda com a sua licença – e a fim de possibilitar que o leque
de contribuições para a sua tese de mestrado se amplie – estou encaminhando
este e-mail também para as pessoas que forem citadas no texto e alguns
praticantes e admiradores do haikai – para as necessárias críticas, correções,
freios de arrumação e novas contribuições.
Ao final de cada tomo, encerro com o box “Haikai” prometido e que, neste primeiro momento, segue acompanhado
desta míssil-missiva via e-mail.
Passo,
então, para sua apreciação, diversos apontamentos coligidos aqui e ali para
colaborarem com a sua tese “Dendê no
haikai – Aspectos do haikai na Bahia”.
Vamos em
frente [que atrás vem gente, muita gente], nessa longa estrada do haikai que
passou e que passa pela Bahia…
Um comentário:
Olha só que onda, meu velho, Hoje acordei pensando: Será que eu sou o unico poeta haikaista de Simões Filho e de Salvador? E aí vi no meu blog uma chamada deste blog justamente falando sobre haikai.
Sou cartunista, tatuador e um praticante compulsivo de haikai e gostaria de entrar em contato com mais pessoas que tambem amem essa forma maravilhosa de poesia. Meu e-mail é jorginhodahora3@gmail.com
E o meu blog: bostamcity.blogspot.com
Um abraço à todos os poetas da terra e da lua!
Na taberna
mundanos,poetas
festejam a lua
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