Só Deus pode dar nome à
obra completa
— de nossa vida,
explico — mas sugiro
Ao meio-dia, um rosal,
implica sol, calor,
desejo de esponsais,
a mãe aflita com a
festa,
pai orgulhoso de
entregar sua filha
a moço tão escovado.
Nome é tão importante
quanto o jeito correto
de se apresentar a entrevistas.
Melhor de barba feita e
olho vivo,
ainda que por dentro
tenha a alma barbada e
olhos de sono.
Sonhei com um forno
desperdiçando calor,
eu querendo aproveitá-lo
para torrar amendoim
e um pau roliço em
brasa.
Explodiria se me
obrigassem a caminhar por ele.
Ninguém me tortura,
pois desmaio antes.
A beleza transfixa,
as palavras cansam
porque não alcançam,
e preciso de muitas
para dizer uma só.
Tão grande meu orgulho,
parece mais
o de um ser divino em
formação.
Neurônios não explicam
nada.
Psicólogos só acertam
se me ordenam:
Avia-te para sofrer —
conselho pra distraídos—,
cristãos já sabem ao
nascer
que este vale é de
lágrimas.
Adélia
Prado
Extraído de “A duração
do dia"
(Editora Record, 2010,
pág. 25)
Nenhum comentário:
Postar um comentário