segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pitada de Pitacos do Carlos Verçosa



Pitada de pitacos
para a receita de Gustavo Felicissimo:“Dendê no haikai – Aspectos do Haikai na Bahia”, tese em andamento aumentativo
 [Tomo I]

Gustavo, meu irmão:

    Foi muito bacana o contato que tivemos na festa de lançamento do seu livro “Silêncios” (que me surpreendeu pela bela edição e alta qualidade do acabamento gráfico oferecido pela itabunense Via Litterarum).
    [Alegria em dobro: pelo seu livro e pela boa surpresa que foi a estreia na poesia impressa (“Flores do ocaso”) do nosso amigo Bernardo Linhares, sábado último, lá no sebo Praia dos Livros.]
    [Pena que você não pudesse ficar mais um dia em Salvador para jogarmos conversa fora (molhando as palavras, of course) a respeito de poesia e, principalmente, sobre haikai.]
    Estou contente com sua decisão de pesquisar e documentar os haikaistas baianos em tese de graduação e coloco-me à sua disposição para trocarmos ideias, figurinhas e debatermos este assunto sempre que for possível.
    Conforme você me solicitou, passo adiante alguns apontamentos e observações a respeito do tema, listando alguns dos haikaistas baianos (nascidos na Bahia) & ‘baianos’ (por opção, como nós) para colaborar no desenvolvimento da sua tese “Dendê no Haikai – Aspectos do haikai na Bahia”. [Além de algumas informações complementares importantes para o melhor entendimento da baianização do haikai.]

São apontamentos, informações catadas aqui e ali e excertos comentados da primeira edição (sendo revista) do meu livro  “Oku – Viajando com Bashô” (1ª edição, 1995), que passo a você para melhor aproveitamento.
Sobre aquela 1ª edição de “Oku”: devo dizer que ela me proporcionou grandes alegrias, desde o recebimento do Prêmio Cecília Meireles de Melhor obra de Antologia, Ensaio, Pesquisa e Tradução de Poesia de 1996 até as manifestações encorajadoras de escritores, críticos, jornalistas e intelectuais brasileiros, haikaistas ou não, que muito me sensibilizaram.
    [Inclusive porque várias dessas pessoas são da minha muita admiração desde os tempos do gumex nos cabelos longos.

E parece-me que o cunho didático-simplificado que tentei dar à obra tem alcançado resultados razoáveis no sentido de incentivar mais e novas viagens pela estrada haikai da poesia. O que, cá entre nós, é ótimo.]
[Hoje sinto necessidade de ampliar aquela primeira edição e atualizá-la, até porque ela foi escrita antes das facilidades da internet, verdadeiro país das maravilhas para pesquisa e descobertas para as alices anacrônicas como as da nossa geração.
    O melhor de tudo é que a internet possibilita uma comunicação ágil, como esta, agora, em que estou simplesmente digitando e enviando-lhe este texto via e-mail. Vapt vupt. Simples assim.]
    Acredito ainda que, colaborando para exposição destes apontamentos no seu blog Sopa de Poesia, conforme você me disponibilizou, creio que eles poderão ser úteis também para os seus leitores internautas, que poderão enriquecê-los com mais e novas informações, contribuindo sobremaneira para a divulgação do haikai.

    Tomo a liberdade de lhe encaminhar, também, este logotítulo, com o qual assinei meus haikais por bom tempo em A Tarde (em caderno literário editado por Tasso Franco), Tribuna da Bahia (em caderno editado por Raimundo Lima) e outras publicações.
Este logotítulo foi desenhado pelo diretor de arte Adalberto Vasconcelos para a capa do meu primeiro livro de haikais, “Sashimi” (1987, Edições Espaço Bleff, de legendária e saudosa memória, dos poetas Aninha Franco e Claudius Portugal).

    [A propósito do plural de haikai, do jeito que escrevo, haikais: você bem sabe que deveríamos escrever em português como o faz o japonês, assim mesmo, haikai, no singular (que lá, em qualquer uma das quatro formas escritas – nas ideogramáticas hiragana, katakana e kanji e até mesmo na escrita em letras romanas, roomaji – é singular e plural ao mesmo tempo, sendo diferenciado conforme o sentido da frase), daí que o correto seria mesmo os haikai.]
[Mas, como diziam os antigos, o uso do cachimbo faz a boca torta, pessoalmente, prefiro sempre a imperfeição dessa nossa mania de escrever como a gente fala e que faz a riqueza da nossa língua e nossa gramatiquinha (como dizia Mário de Andrade). Daí, a opção por haikais.]
Voltando ao logotítulo: ele servirá para identificar minhas colaborações no seu blog, conforme combinamos (um haikai a cada semana, após esta primeira colaboração).
E tome-lhe Control C / Control V, também, de várias ilustrações e fotos que pesquei, aqui e ali para amenizar a aridez deste texto. Pirataria internauta.
    [A respeito dessas ilustrações: destaco aqui, pelo menos, duas delas. A de abertura do próximo tomo, por exemplo, que eu acho muito boa.

Ela conta com o fino traço do Flávio Luiz e foi publicada há uns dez anos numa reportagem assinada pela jornalista Cyntia Nogueira, no Correio da Bahia.
[Gostei tanto que ainda vou pedir a ele licença para usar como capa de um livro meu de haikais (“Baixou Bashô”) anunciado desde os anos 1980, mas ainda não publicado.]
Flavinho traduz, nos traços rápidos – mas delicados – do seu cartum, a presença do haikai na Bahia, com o poeta samurai descendo a ladeira do Pelô entre emblemáticas folhas de chá (isso aí: Baixou Bashô no Pelô… provavelmente ao som do Olodum tocando taikô, aquele bumbão japonês).

Também devidamente pirateada, uma outra ilustração – com a qual você vai se deparar em tomo a seguir – é a que meu bom amigo mineirinho Cau Gomez, hoje oficialmente ‘cidadão baiano’ e o mais premiado dos nossos ilustres ilustradores, fez sobre outro insigne cidadão baiano, Afrânio Peixoto. É muito boa.]
Ainda com a sua licença – e a fim de possibilitar que o leque de contribuições para a sua tese de mestrado se amplie – estou encaminhando este e-mail também para as pessoas que forem citadas no texto e alguns praticantes e admiradores do haikai – para as necessárias críticas, correções, freios de arrumação e novas contribuições.
Ao final de cada tomo, encerro com o box “Haikai” prometido e que, neste primeiro momento, segue acompanhado desta míssil-missiva via e-mail.
   Passo, então, para sua apreciação, diversos apontamentos coligidos aqui e ali para colaborarem com a sua tese Dendê no haikai – Aspectos do haikai na Bahia.
Vamos em frente [que atrás vem gente, muita gente], nessa longa estrada do haikai que passou e que passa pela Bahia…

Um comentário:

jorginho da hora disse...

Olha só que onda, meu velho, Hoje acordei pensando: Será que eu sou o unico poeta haikaista de Simões Filho e de Salvador? E aí vi no meu blog uma chamada deste blog justamente falando sobre haikai.
Sou cartunista, tatuador e um praticante compulsivo de haikai e gostaria de entrar em contato com mais pessoas que tambem amem essa forma maravilhosa de poesia. Meu e-mail é jorginhodahora3@gmail.com
E o meu blog: bostamcity.blogspot.com

Um abraço à todos os poetas da terra e da lua!

Na taberna
mundanos,poetas
festejam a lua