Após o Pasticho a que nos referimos na postagem anterior, Manuel Bandeira em uma de suas crônicas transcreveu os versos de Medauar e lhes deu resposta impressa no poema “A Jorge Medauar”, justificando a tréplica dizendo com o seguinte argumento: Eu poderia me limitar a agradecer ao poeta o abraço e dizer-lhe que lhe ficam muito bem os sentimentos expressos nesses versos. Mas, em mim, pelo menos, verso puxa verso. Aquelas “tintas da madrugada” alvoroçaram o que ainda me resta de bossa poética, no coração contrito. O resultado foi essa insignificância, que ofereço, dedico e consagro
A Jorge Medauar
Manuel Bandeira
Há trint’anos (tanto corre
O tempo! escrevi a poesia
Onde disse que fazia
Meus versos como quem morre.
Ainda não eras nascido.
Agora, orgulhosamente
Moço, ao poeta velho e doente
Parodiaste destemido:
“Das batalhas em que estive
É o suor que em meu verso escorre!
Tu o fazes como quem morre:
Eu o faço como quem vive!”
Façam-no como quem morre
Ou quem vive, que ele viva!
Vive o que é belo e deriva
Da alma e para outra alma corre.
Verso que dele se prive,
Ai dele! Quem lhe socorre?
Nem Marx nem Deus! Ele morre.
Só o verso, com alma, vive.
Deste ou daquele pensar,
Esta me parece a reta,
A justa linha do poeta,
Poeta Jorge Medauar.
A Jorge Medauar
Manuel Bandeira
Há trint’anos (tanto corre
O tempo! escrevi a poesia
Onde disse que fazia
Meus versos como quem morre.
Ainda não eras nascido.
Agora, orgulhosamente
Moço, ao poeta velho e doente
Parodiaste destemido:
“Das batalhas em que estive
É o suor que em meu verso escorre!
Tu o fazes como quem morre:
Eu o faço como quem vive!”
Façam-no como quem morre
Ou quem vive, que ele viva!
Vive o que é belo e deriva
Da alma e para outra alma corre.
Verso que dele se prive,
Ai dele! Quem lhe socorre?
Nem Marx nem Deus! Ele morre.
Só o verso, com alma, vive.
Deste ou daquele pensar,
Esta me parece a reta,
A justa linha do poeta,
Poeta Jorge Medauar.
3 comentários:
Tempos de muita poesia.
Abração para vc, Gustavo.
Ele faz parte da geração 45?
Sim, vc foi em cima. Aliás, sua poesia e a forma adotada denunciam isso.
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