Lourival Pereira Filho, o Piligra, é, apesar de bastante jovem, provavelmente, o poeta brasileiro que mais se valeu do Alexandrino Trímetro (verso com cesura nas 4ª, 8ª e 12ª sílabas) para compor a sua lira, tendo escrito mais de dois mil sonetos dentro dessa forma. Temos um contato muito próximo, o que nos faz ter acesso em primeira mão à produção um do outro. O resultado dessa forte amizade é que sobrou para mim a revisão dos poemas do seu próximo livro, o que me levou a internalizar o ritmo da sua poesia e cometer também o meu Pasticho, um exercício apenas, dentro daquela forma poética tão peculiar do meu amigo. Aproveitei o tema impresso em “Desencanto” e “Esperança”, de Manuel Bandeira e Jorge Medauar, respectivamente, para construir o meu Alexandrino, embora na forma e na linguagem, o modelo é a poesia do meu amigo.
Concepção
Piligra
eu já concebo o verso assim metrificado
como arquiteto que planeja um edifício
na exatidão do prumo reto e equilibrado
sem perguntar se isto é fácil ou é difícil!
eu já concebo a rima assim – intercalada,
numa urdidura trabalhosa e singular –
puxando o fio de cada sílaba marcada
pelo tecido de uma métrica “sem par”!
eu já concebo o meu soneto alexandrino
(como a matriz de uma equação vetorial)
fazendo cálculo semântico e verbal,
com meu compasso atrapalhado de menino!
eu já concebo o meu poema ornamental
como operário que dá forma ao que é divino!
Inóspita Claridade
Gustavo Felicíssimo
Eu faço versos por viver na poesia
todo universo do real e do abstrato,
feito um menino que contempla a fantasia
enquanto bárbaros renegam seu retrato.
Eu faço versos porque vejo a claridade
do novo tempo que está prestes a nascer,
quando irmanados e distante a falsidade
a humanidade poderá se conhecer.
Verá sua face no sorriso da criança,
em cada gesto de modéstia ou de virtude:
no seu semblante verá toda plenitude.
Verá que a luz se faz presente e a esperança,
palavra viva, vem somar-se à liberdade,
reconduzida ao seu lugar, junto à verdade.
Concepção
Piligra
eu já concebo o verso assim metrificado
como arquiteto que planeja um edifício
na exatidão do prumo reto e equilibrado
sem perguntar se isto é fácil ou é difícil!
eu já concebo a rima assim – intercalada,
numa urdidura trabalhosa e singular –
puxando o fio de cada sílaba marcada
pelo tecido de uma métrica “sem par”!
eu já concebo o meu soneto alexandrino
(como a matriz de uma equação vetorial)
fazendo cálculo semântico e verbal,
com meu compasso atrapalhado de menino!
eu já concebo o meu poema ornamental
como operário que dá forma ao que é divino!
Inóspita Claridade
Gustavo Felicíssimo
Eu faço versos por viver na poesia
todo universo do real e do abstrato,
feito um menino que contempla a fantasia
enquanto bárbaros renegam seu retrato.
Eu faço versos porque vejo a claridade
do novo tempo que está prestes a nascer,
quando irmanados e distante a falsidade
a humanidade poderá se conhecer.
Verá sua face no sorriso da criança,
em cada gesto de modéstia ou de virtude:
no seu semblante verá toda plenitude.
Verá que a luz se faz presente e a esperança,
palavra viva, vem somar-se à liberdade,
reconduzida ao seu lugar, junto à verdade.
2 comentários:
Ótimo trabalho, Gustavo.
Novas tentativas podem de fato resultar em boas experiências.
Andreia
Ótimo trabalho, Gustavo.
Novas tentativas podem de fato resultar em boas experiências.
Andreia
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