Podemos definir o haikai japonês, tradicional, como aquele que melhor valoriza os elementos da natureza, que nega o ego humano e procura registrar um acontecimento particular, uma paisagem, referindo-se ao seu agora, de forma simples e com sentido completo. Tudo em apenas três versos, sem título ou rima.
Neste modo de composição deve-se introduzir no haikai um kigo, que nada mais é que um termo (nome de animal, mês, planta) que o escritor inclui para dar ao leitor uma noção da estação do ano em que foi escrito. Nele há um sentido de transitoriedade que simbolicamente reconhecemos no transcurso do tempo. Assim, entre muitos exemplos possíveis, um haikai de primavera deve conter termos como os que indiquem alegria, flores, renovação; os de verão calor, animação, liberdade; os de outono; melancolia, nostalgia, colheita; e inverno, festa junina, reclusão, frio.
Há muita diferença entre o haikai tradicional e o poema como entendemos no ocidente. Um dos motivos, aponta Sato Hiroaki, "se deve por sua frequente inabilidade de se sustentar sozinho como algo completo[1]". Talvez por isso não seja raro encontrarmos textos que afirmam não ser o haikai um poema em si, ou que para sua prática não é sequer necessário ser poeta.
Bons exemplos para este exemplo são os haikais de Teruko Oda. Vejamos alguns[2]:
Neste modo de composição deve-se introduzir no haikai um kigo, que nada mais é que um termo (nome de animal, mês, planta) que o escritor inclui para dar ao leitor uma noção da estação do ano em que foi escrito. Nele há um sentido de transitoriedade que simbolicamente reconhecemos no transcurso do tempo. Assim, entre muitos exemplos possíveis, um haikai de primavera deve conter termos como os que indiquem alegria, flores, renovação; os de verão calor, animação, liberdade; os de outono; melancolia, nostalgia, colheita; e inverno, festa junina, reclusão, frio.
Há muita diferença entre o haikai tradicional e o poema como entendemos no ocidente. Um dos motivos, aponta Sato Hiroaki, "se deve por sua frequente inabilidade de se sustentar sozinho como algo completo[1]". Talvez por isso não seja raro encontrarmos textos que afirmam não ser o haikai um poema em si, ou que para sua prática não é sequer necessário ser poeta.
Bons exemplos para este exemplo são os haikais de Teruko Oda. Vejamos alguns[2]:
Na beira da estrada
com as abelhas divido
meu caldo de cana.
Chega com o vento
um insistente chamado –
Cigarra de outono.
Um quê de leveza
no roçado ainda seco –
Canta o curió.
Referências:
[1] Segundo o autor (Franchetti, 1996 apud Observations on Haiku (publicado em Chanoyu – Quaterly (Tea and the Arts of Japan), nº 18, 1977, PP.21-27.
[2] Retirados do livro Flauta de Vento, Escrituras, São Paulo, 2005.
2 comentários:
Aprendendo...
A Teruko é das haicaístas brasileiras que mais gosto. Alguém que preciso conhecer ao vivo qualquer dia desses ;)
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