quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Satori Uso, o filme

Não deixe de assistir, pois esse curta é formidável. Trata da vida de um poeta fictício. A indicação veio de um novo amigo e conterrâneo, o jornalista Ramon Barbosa Franco, do Jornal da Manhã, de Marília. (GF)

Por Rodrigo Garcia Lopes

Em 1985, depois de um ano on the road pela Europa, e enquanto editava a página Leitura da Folha de Londrina, quis publicar meus novos poemas, então inspirados no zen budismo e influenciados pelo haiku. Como achei anti-ético publicar meus poemas numa página que eu mesmo editava, achei a solução de inventar um poeta japonês que teria imigrado para Assaí, cidade perto de Londrina, nos anos 50, depois de ter vindo do Japão, ter convivido com os beats na California, e depois de perder toda a sua obra na viagem de navio para o Brasil. Ele acaba recebendo um convite da família Akiro para trabalhar no sítio da família em Assaí até ser descoberto como o grande poeta japonês desaparecido e de ser assediado por poetas que vinham a seu encontro em seu sítio.

Inventei toda uma biografia para Satori Uso (falso brilhante, ou iluminação mentirosa) e o personagem acabou dando muito o que falar. Na página indicava que eu havia traduzido os poemas para o japonês junto com uma tradutora japonesa também inexistente. Lembro que no curso de Jornalismo da UEL fui elogiado pelo meu trabalho de "investigação jornalística" por uma professora até o hoje dramaturgo Paulo de Moraes cair na gargalhada e entregar tudo. O problema é que por um bom tempo passaram a duvidar de qualquer poeta novo que eu apresentasse.

Depois publiquei mais poemas sob a persona do Uso em Polivox (de 2001) e ele passou a cada vez mais adquirir vida própria. Alguns anos atrás passei a bola para o Rodrigo Grota, que se animou a fazer um filme sobre o poeta inexistente. Fizemos juntos o roteiro e o filme acaba de ficar pronto, em 35 milímetros. Tive a honra de ser uma das 30 pessoas que viram a pré-estréia em Londrina, em fim de dezembro. Ficou uma beleza. E minha indicação do escritor e historiador Rogério Ivano para o papel-título foi feliz. Longa vida ao Satori Uso.
Obs: Veja as postagens logo abaixo.

3 comentários:

Ramon Barbosa Franco disse...

Grande Felicíssimo!
Satori é poesia em película, em PB
Um abraço!

Gustavo Felicíssimo disse...

Tô contigo, meu caro!

Rafael Noris disse...

Hahaha muito espirituoso! É "pessoana" esta ideia, além de engraçada ;)

Acabei de baixar o curta pra assistir em casa (estou no trampo).

Até mais!