Foi relendo uma entrevista concedida pelo temido crítico, diplomata, filósofo e sociólogo José Guilherme Merquior à revista Veja, em 1981, que travei contato com a obra de dois poetas formidáveis, Armando Freitas Filho e Mauro Gama, aos quais Merquior afirmou escreverem “magnificamente bem”.
Mesmo publicando há mais de 20 anos regularmente por uma grande editora, a Nova Fronteira, Armando Freitas Filho é um dos melhores exemplos para aqueles versos de Alberto da Cunha Melo: “...escrevemos cada vez mais/ para um mundo cada vez menos,/ /para esse público dos ermos/ composto apenas de nós mesmos.
Mauro Gama, que também é crítico literário, estudou letras clássicas e ciências sociais, em que se licenciou pela UERJ. Até o momento seus livros foram publicados esparsamente, mas sempre com boa recepção midiática.
Nada disso impediu que, pelo menos para mim, Armando Freitas Filho e Mauro Gama, até o início de Julho, não passassem de ilustres desconhecidos. Como diz o ditado: antes tarde do que nunca.
Matéria
Armando Freitas Filho
Parece que os séculos
cuidam dos castelos
que no alto das montanhas
são o sonho das pedras
ou o desejo das nuvens.
Escrever é uma pedreira.
Se me atirasse daqui
de uma de suas torres de marfim
cairia, talvez
inteiro
em corpo reduzido
na página de qualquer jornal.
Escrever é uma pedraria.
Horaciana
Mauro Gama
Goza os dias
- e as noites mais ainda - :
que sejam lindas
e iluminadas de sonho
ou sanha.
Goza as rosas
- e as framboesas -
de vertiginosas mucosas
os úteros telúricos as ursas
maiores e menores.
Goza os dias
em todas as suas vias
e vales avencas uvas.
Que não percas
nem as parcas
sementes das auroras inocentes
ou as frias
raízes da madrugada:
goza a integrada
natureza do todo
- da luz ao lodo.
Goza a prosa
e a poesia
que se espirala em tontas falas
de flor e fécula
cascata chocolate explosão
de abismos em néon
e grão
e bala
por galáxias e salas
deleitosas:
goza!
Nenhuma glosa
te disperse
nenhuma dor
te escureça - ou
rosa negra
te cegue.
Goza os dias
e se não todo o mundo
cada segundo
do que resta
da festa.
Mesmo publicando há mais de 20 anos regularmente por uma grande editora, a Nova Fronteira, Armando Freitas Filho é um dos melhores exemplos para aqueles versos de Alberto da Cunha Melo: “...escrevemos cada vez mais/ para um mundo cada vez menos,/ /para esse público dos ermos/ composto apenas de nós mesmos.
Mauro Gama, que também é crítico literário, estudou letras clássicas e ciências sociais, em que se licenciou pela UERJ. Até o momento seus livros foram publicados esparsamente, mas sempre com boa recepção midiática.
Nada disso impediu que, pelo menos para mim, Armando Freitas Filho e Mauro Gama, até o início de Julho, não passassem de ilustres desconhecidos. Como diz o ditado: antes tarde do que nunca.
Matéria
Armando Freitas Filho
Parece que os séculos
cuidam dos castelos
que no alto das montanhas
são o sonho das pedras
ou o desejo das nuvens.
Escrever é uma pedreira.
Se me atirasse daqui
de uma de suas torres de marfim
cairia, talvez
inteiro
em corpo reduzido
na página de qualquer jornal.
Escrever é uma pedraria.
Horaciana
Mauro Gama
Goza os dias
- e as noites mais ainda - :
que sejam lindas
e iluminadas de sonho
ou sanha.
Goza as rosas
- e as framboesas -
de vertiginosas mucosas
os úteros telúricos as ursas
maiores e menores.
Goza os dias
em todas as suas vias
e vales avencas uvas.
Que não percas
nem as parcas
sementes das auroras inocentes
ou as frias
raízes da madrugada:
goza a integrada
natureza do todo
- da luz ao lodo.
Goza a prosa
e a poesia
que se espirala em tontas falas
de flor e fécula
cascata chocolate explosão
de abismos em néon
e grão
e bala
por galáxias e salas
deleitosas:
goza!
Nenhuma glosa
te disperse
nenhuma dor
te escureça - ou
rosa negra
te cegue.
Goza os dias
e se não todo o mundo
cada segundo
do que resta
da festa.
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