A liberdade está morta
com seus cabelos tão longos,
com seus cabelos boiando
no mar em que se afogou.
A liberdade está morta
com seus cabelos desnastros.
Caiu, coitada, dos astros
no mar em que se afogou.
A liberdade está morta
com seus cabelos compridos
que eu desejava beijar.
A liberdade está morta.
Lá vão os homens buscá-la
naqueles barcos de vela,
naqueles barcos com asas.
Lá vão os cisnes marinhos
na água azul e sonora.
Lá vão os cisnes no mar
buscar a deusa da aurora.
Lá vão as aves buscá-la
para guardá-la em seus ninhos.
A liberdade está morta
e coroada de espinho.
A poesia de Sosígenes Costa nos arrebata pela pungência dos seus versos, pela espiritualização da carne e pela carnalização do espírito. Nela, reflete-se viva a adequação ao jeito barroco, sem dúvida parte efetiva e afetiva na formação desse poeta que, pela sensibilidade e originalidade, tornou-se, seguramente, um dos mais potentes poetas baianos de todos os tempos e, sem sombra de dúvidas, tornar-se-á, caso o cabotinismo dos cariocas e paulistas lhe permita, um dos mais expressivos e populares poetas brasileiros.
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