sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Literatura feminina?


Literatura feminina existe? O que isso representaria? Se existe, então também existe a literatura masculina, indígena, negra, homossexual? Antecipo que essa coisa de gêneros é uma bobagem, e das grossas, pois o que existe é a literatura em si. E não adianta ficarem inventando esses estudos, visto que é perda de tempo, é malhar em ferro frio. Nada mais.
Também não adianta dizer que, geralmente, a poesia feita por mulheres possui acentuada característica ligada às questões existenciais femininas, sua relação com filhos, marido, a visão de mundo, deveras mais sensível que a masculina, pois se a literatura se serve das vivências do autor, nada mais natural que tais questões estejam expressas e impressas no fazer de cada um.
Vale então dizer, novamente, que o texto literário existe e firma-se porque é bom e ponto. Como os poemas de Adélia Prado, Cecília Meireles ou Maria da Conceição Paranhos.
Do mesmo modo, com cuidado no apuro dos seus versos, três meninas, poetas, daqui da região cacaueira da Bahia estão traçando seus caminhos dentro da literatura, vivendo e vivenciando a poesia como coisa “de mesmo”, pra valer, com lirismo, atentas à linguagem e à síntese, marcando o fazer poético de cada uma. São elas Brisa Dalilla, Milena Palladino e Diva Brito que, no nosso entender, poderiam em breve, como a chuva do verão, trazer a público um apanhado do que produziram até o momento em uma antologia a seis mãos, o que seria muitíssimo bom.
Abaixo, um poema de cada uma delas.


CONFISSÃO
Brisa Dalilla

Parem! Eu confesso.
Sou LOUCA!

Não controlo as palavras
Que saem de minha boca!

Me permito, vivo,
Luto, realizo.

Não posso ficar parada
Vendo a vida escorrer
Pelos dedos...



S I N E R G I A
Milena Palladino

Gozo com gosto de travesseiro
Em movimentos sinérgicos.
Tremor desprovido de ar.
Nudez no meu peito,
Mordidas no teu beijo,
Tudo dito e tudo feito.

Eterna dança sobre lençóis
Deixo-me doce e tua...
E quando já não cabe em mim
Te entrego a carne crua.
Me vejo sedenta
E sem pedir licença
Eis que bebo teu líquido
Até embriagar-me de tua presença.


O FÔLEGO
Diva Brito

Que o meu fôlego
Te procure no escuro
Não te permita dormir,
E te prenda sempre em mim.
E que não penses em imaginar
Realidade fora do meu corpo,
Ou amor fora de minha'lma.
Que a chama eterna dos teus olhos
Nunca desapareça
Que nesse teu íntimo
Nunca pereça,
A esperança de me ter.
Que o meu nome eternamente
Ressoe como um eco em tua mente
E quando o vento tocar-te o rosto,
Te lembres das minhas mãos
Que te vasculham sem pudor.
Que a chuva que te molha,
Exale assim o cheiro do meu corpo
Que tua sede te guieAos meus lábios.
Que saudoso agora estejas,
Da minha leviandade
Da minha aparente ingenuidade,
Da minha língua na sua vontade.

2 comentários:

Diva Brito disse...

Toda honra e toda glória aos grandes e inspiradores poetas e autores brasileiros que coloriram e acarinharam nossas vidas, principalmente minha infância. É deles a beleza dos nossos versos, mas é nossa a lisonja e a gratidão por este post.

Diva Brito disse...

Ah...quanto a antologia...acho q já é! rs