sábado, 21 de fevereiro de 2009

RABINDRANATH TAGORE

“Lá, onde, para dormir, se estendem as nuvens do espaço infinito
construí minha casa, ó Poesia, para te receber.”


Poeta e educador de renome, Tagore foi, ao lado de Gandhi, uma das pessoas mais populares e queridas do seu país, e em determinado momento o mundo inteiro viveu de olhos voltados para essas duas figuras magnânimas, que souberam (e tiveram a oportunidade) de conseguir com amor e através da paz aquilo que hoje só se consegue com sangue, morte e o sacrifício de milhões de jovens.
Sua poesia aspirou sempre o equilíbrio dos sentimentos e a ordenação do espírito, a tal ponto que sempre criticou o que para ele era a falta de contenção da literatura inglesa, diante do “poderio das paixões” simbolizado pelas obras de Milton, Byron e Shakespeare.

No Brasil exerceu influência sobre escritores modernos como o católico Tasso da Silveira e Cecília Meirelles que se tornou uma das mais ardorosas divulgadoras da obra e da vida deste famoso poeta indiano desaparecido em 1941.

Sua poesia carrega ares de religiosidade e encanta tanto quanto a leitura da bíblia ou do Gita, por exemplo. Tagore tem sido uma grande descoberta que me ajuda não apenas a me desapegar de alguns preconceitos literários, mas também a desvestir as mesquinharias humanas. Abaixo, alguns poemas de Tagore, após um poema de nossa autoria em sua memória:

Se não Falas

Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.

A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.

Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.


Flor de Lótus

No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.


Verdades

Roubo do hoje a força
Fazendo nascer o amanhã.
Da janela acompanho com olhar
As nuvens do céu.
De novo a sombra sinistra
Tolda tristemente meus sonhos.

Tua imagem me acompanha
Por todos os lugares por onde ando.
E em todos os momentos
É a tua presença que espanta
As brumas do desconhecido.

Não faço perguntas.
Tenho medo das respostas que já sei.
Liberta do invólucro físico
Devolverei a matéria ao pó de que fora feito.

Vivi meus três caminhos na terra.
Purgatório. Inferno. Céu.
Tudo de acordo com meus projetos,
Minhas atitudes,
Procurando não cair nos mesmos erros.

Agora — vago e espero
Entre tropeços e flagelos
O ressurgir da verdade.


Se me é negado o amor

Se me é negado o amor, por que, então, amanhece;
por que sussurra o vento do sul entre as folhas recém nascidas?
Se me é negado o amor, por que, então,
A noite entristece com nostálgico silêncio as estrelas?
E por que este desatinado coração continua,
Esperançado e louco, olhando o mar infinito?


Minha canção

Minha canção te envolverá com sua música, como os abraços sublimes do amor. Tocará o teu rosto como um beijo de graças. Quando estiveres só, se sentará a teu lado e te falará ao ouvido. Minha canção será como asas para os teus sonhos e elevará teu coração até o infinito. Quando a noite escurecer o teu caminho, minha canção brilhará sobre ti como a estrela fiel. Se fixará nos teus lindos olhos e guiará teu olhar até a alma das coisas. Quando minha voz se calar para sempre, minha canção te seguirá em teus pensamentos.


UM POEMA PARA TAGORE
Gustavo Felicíssimo

Sentado aos teus pés, meu poeta,
assim eu pretendo ficar,
mirando-te a face serena,
pois sei não poder te alcançar;

tu estás junto aos mais famintos,
aos mais pobres, porém distintos;

despido de qualquer adorno
acompanhas os solitários
à glória de um belo retorno;

busco inclinar-me frente a ti,
minhas chagas vão-se de mim.

Mais em:
http://recantodasletras.uol.com.br/biografias/295566

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