quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Carnaval no Beco do Fuxico

Hoje começa o carnaval na minha cidade, Itabuna. Trata-se de um carnaval antecipado, posto que é impossível, na Bahia, fazer carnaval concomitante ao de Salvador, devido ao esvaziamento de atrações da festa, que estão todas na capital. Daí os carnavais antecipados e as micaretas.
Nesse primeiro dia, longe do circuito trioeletrizado, ocorre a Lavagem do Beco do Fuxico, uma festa de rua, sem blocos de corda, onde revivemos alegremente os antigos carnavais.
Nessa festa está ocorrendo algo que muito me orgulha, pois um de meus poemas, justamente aquele que leva o nome do lugar, está sendo apropriado pela gente da cidade, principalmente pelos freqüentadores do Beco. Fizeram 30 banners de lona, com aproximadamente meio metro, onde está impresso o poema para serem afixados nos bares e lojas. Um outro, bem maior, será afixado no local onde se dá o ponto auge da festa, em frente ao Bar do Manuel, onde religiosamente, todos os dias, sento para conversar com amigos e tomar meu cafezinho. É a apropriação da minha obra pela gente da minha cidade. Isso, é claro, me deixa muito feliz. Vamos ao poema!


BECO DO FUXICO

Vou agora lá pro Beco,
aquele é o meu lugar!
Lá tem batidas do Cabôco
e moça bonita pra gente olhar.
Lá tem muita gente boa.
Tem comunista e carlista se abraçando
feito antigos aliados;
tem pescadores, caçadores e mentirosos
pra tudo quanto é lado.
O Beco é feito de lendas
e gente comum,
é feito de poetas, jornalistas
e outros calhordas.
O Beco é feito de magia!
Vou agora lá pro Beco,
dito Beco do Fuxico.
Vou beber o meu café no Manuel,
depois fazer a barba no Seo Jonas;
se o tempo esfriar
eu tomo uma no Whiskytório;
lá tem batatinha e cebolinha na conserva.
Lá tem a bodega do Eduardo,
onde não falta cerveja gelada
e uma turma disposta a prosear.
Vou agora lá pro Beco,
não vou a qualquer lugar.

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