segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O falecimento do poeta Octávio Mora


Reproduzo abaixo, um texto de Jessé de Almeida Primo, postado hoje no facebook, a respeito do falecimento daquele que é um dos maiores poetas injustiçados do país.

“Soube hoje do falecimento de um dos maiores poetas do país, Otávio Mora, autor de duas obras-primas da nossa literatura, Ausência Viva e Terra Imóvel, ambas dos anos 50. Pedro Sette-Câmara me enviara um e-mail informando do fato e disse que o soube pelo jornal O Globo, no qual informava ter lido apenas "uma nota de falecimento(...), que não dizia nem quando, nem como, só manifestava saudades". Quando um poeta desse porte morre e os cadernos culturais não se ocupam do assunto, é porque de fato o país está embrutecendo”.

Confira AQUI o poema abaixo, um dos mais belos de Octávio Mora, com o comentário de Pedro Sette-Câmara. AQUI pode-se ler uma postagem antiga que fiz com poemas do autor.

IFIGÊNIA
Octavio Mora

Como estátua de vento, pedra gasta,
sopra Ifigênia sempre na memória,
e estamos nela sem escapatória
como o tempo nas pedras: só se afasta
(devido à semelhança com o vento
de seu todo), para estar em nós, aérea,
desprovida de contornos, em matéria
capaz de dar volume ao pensamento
que surge do que some: quando volta
volta cheia de pássaros e tudo
se lhe gruda ao olhar: reminiscência
de seus passos, o pássaro se solta
e em nós gravita a terra: conteúdo
e volume final de sua ausência.

2 comentários:

Poeta Silvério Duque disse...

Poucos poetas compreenderam tão bem a verdadeira essência da poesia e a levaram tão a sério como Octavio Mora... Northrop Frye é que estava certo, em nosso tempo um poeta pode ficar conhecido da noite pro dia pela forma como assassinou a esposa, mas não por terescrito um grande poema e nesses dias pós morte de Hebe, nem se Shakespeare ressuscitasse em terras tupiniquins isso viraria notícia.

Fátima disse...

Vivemos o tempo da espetacularização, poeta!