Kelly
Slater, o maior vencedor do surfe mundial, comemorou neste último sábado (11),
40 anos. Trata-se de um fenômeno, dono de 11 títulos mundiais e dez recordes na
história do surfe. A data foi lembrada pelos principais meios de comunicação do
mundo e, só pra variar, me fez recordar um poema, dessa vez de Alberto da Cunha
Melo, intitulado, justamente, O Surfista. Trata-se de uma retranca, forma poética
composta de onze versos octossílabos, criada pelo próprio Alberto, que é um dos
poetas brasileiros que mais gosto.
O
octossílabo dá ao poema uma cadência, um ritmo que o autor desestabiliza
propositalmente, alternando a cesura medial dos versos, que ora se encontram na
quarta sílaba, ora na terceira e até na quinta, recurso que nos faz pensar na
instabilidade própria do surfe.
No
poema, algumas metáforas redimensionam o esporte, em que o surfista, com a sua
prancha “desliza como uma lágrima” sobre o “instável chão do mundo”. Já o
dístico final sustenta aquela imagem de que surfistas sempre estão acompanhados
por lindas mulheres, “presente do oceano”. Realidade ou não, pelo menos o Kelly
Slater sempre andou acompanhado por verdadeiras sereias. Em sua lista de
namoradas, nomes famosos: a atriz americana Pamela Anderson e Gisele Bündchen.
Sua atual companheira é Kalani Miller, uma californiana de 20 e poucos anos e
dona de uma grife de biquínis.
O
surfista
Alberto da Cunha Melo
Equilibrado
sobre a folha
que
desliza como uma lágrima
pela
face daquela onda,
a
mais esperada, a mais alta,
ama
esse instável chão do mundo
que
lhe falta a cada segundo,
e
as paredes de transparência,
que
almas e corpos atravessam
ao
sol da súbita inocência:
na
praia, fêmeas o esperando,
como
um presente do oceano.
Em:
Dois caminhos e uma oração (2003). Pág.
126. Editora A Girafa.
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