Retornando de Sevilha um amigo presenteou-me com um livro de haikais do escritor uruguaio Mario Benedetti. Trata-se de “Nuevo rincón de haikus”, contendo 300 poemas, uma edição ampliada de “Rincón de kaikus” que, editado no ano 2000, trazia 224 deles.
O presente me causou grande surpresa, pois não imaginava que Benedetti, assim como Borges, também havia penetrado nos mistérios e fazeres haikaísticos. Rapidamente me pus a ler a obra e a perceber o que havia sob a sua tessitura.
Percebi um poeta pouco comprometido com o haikai tradicional, embora perseguindo a métrica, e, por outro lado, inocultavelmente inclinado a um modelo mais livre quanto ao tema, não perseguindo a captação de um instante da natureza ou qualquer ideia semelhante, como neste que segue e que possui caráter eminentemente existencialista:
cada crepúsculo
es tan solo um ensayo
del sueño eterno
Ainda percebemos nos haikais de Benedetti um toque de humor:
el caracol
es el especialista
de la paciencia
em outras oportunidades a ironia:
em carnaval
todos nos disfrazamos
de lo que somos
Outras não poderiam ser as inclinações do poeta, pois como ele mesmo diz: “com o perdão de Bashô, Busson, Issa e Shikki, considero o haikai com uma roupagem própria, mesmo que meu conteúdo seja latinoamericano".
Essas são apenas as minhas primeiras impressões sobre a obra. Em breve trarei a público um artigo mais completo, que ofereça um maior delineamento dos haikais de Benedetti. Não obstante deixo aqui outros dois desse bom poeta uruguaio que faleceu recentemente causando grande sentimento de perda na comunidade literária mundial.
los personajes
se evaden de mis libros
y me interrogan
la más cercana
de todas las fronteras
es con mi prójimo
O presente me causou grande surpresa, pois não imaginava que Benedetti, assim como Borges, também havia penetrado nos mistérios e fazeres haikaísticos. Rapidamente me pus a ler a obra e a perceber o que havia sob a sua tessitura.
Percebi um poeta pouco comprometido com o haikai tradicional, embora perseguindo a métrica, e, por outro lado, inocultavelmente inclinado a um modelo mais livre quanto ao tema, não perseguindo a captação de um instante da natureza ou qualquer ideia semelhante, como neste que segue e que possui caráter eminentemente existencialista:
cada crepúsculo
es tan solo um ensayo
del sueño eterno
Ainda percebemos nos haikais de Benedetti um toque de humor:
el caracol
es el especialista
de la paciencia
em outras oportunidades a ironia:
em carnaval
todos nos disfrazamos
de lo que somos
Outras não poderiam ser as inclinações do poeta, pois como ele mesmo diz: “com o perdão de Bashô, Busson, Issa e Shikki, considero o haikai com uma roupagem própria, mesmo que meu conteúdo seja latinoamericano".
Essas são apenas as minhas primeiras impressões sobre a obra. Em breve trarei a público um artigo mais completo, que ofereça um maior delineamento dos haikais de Benedetti. Não obstante deixo aqui outros dois desse bom poeta uruguaio que faleceu recentemente causando grande sentimento de perda na comunidade literária mundial.
los personajes
se evaden de mis libros
y me interrogan
la más cercana
de todas las fronteras
es con mi prójimo
3 comentários:
salve, Gustavo!
passei por aqui, curtir os haikais
de Benedetti,
um abraço!
Belos haicais, Gustavo, você é um garimpeiro de pepitas muito preciosas. Grande abraço (Jiddu).
Já havia lido alguns haicais dele, espalhados por aí na internet, são muito interessantes, independentemente de seguir ou não a linha tradicional.
O haicai do caracol é o que mais gostei entre estes postados por aqui...
Estou no aguardo de suas segundas impressões por aqui ;-)
Abraço!
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