quinta-feira, 29 de abril de 2010

Língua e Linguagem, por Ildásio Tavares

Trechos de um texto ainda inédito

O grande criador esmera-se por sua obra. O criador pequeno esmera-se pela sua pessoa; pela sua vaidade; pelo seu reconhecimento.
Com exceções. Sabedores da sua fragilidade, os criadores pequenos se juntam, em clubes, associações, academias, sociedades, ao lado até de grandes criadores. Conquistam o poder artístico e passam a exercer a tirania seletiva do compadrio e do tráfico de referência, da corriola do elogio mútuo, discriminando quem não os bajula, mesmo que tenham mais talento do que eles; discriminando mais esses aí que lhes são perigosos e os podem desmascarar. Sua obra é breve e de pouco fôlego.

A literatura se perfaz de textos, não de comendas, prêmios, honrarias. Ao redor de todos grandes criadores sempre houve uma caterva de medíocres sugando seu axé, adjetivos aparecendo à custa do substantivo de outrem. Querem enfatizar o subjetivo da arte até um conceito para ocultar a fragilidade de seus textos; valorizar a fachada.

Nenhum comentário: