Renato
Suttana
Tolentino
esbravejou forte
contra
esse aspecto de esquimó
que
misturava – estranho esporte –
risos
e caras de dar dó.
Falar
com o travesseiro não
convém,
a não ser numa urgência,
como
ante a ameaça de um tufão
ou
coisa de igual pertinência.
Mas
fique lá o relógio, quieto
e
empoleirado sobre a porta,
e
passemos ao que é concreto,
ao
que de fato nos importa:
Arnaut Daniel, Corbière, Marino,
Hopkins, Gregório, Kilkerry
João
Donne, John Airas, Aretino,
e
até mesmo Pignatari
(forçada
a rima, já bem gótica),
eu
citaria, com prazer;
mas
com "pessoa intersemiótica"
não
saberia o que fazer;
e
rimava o meu "arrebol",
que
o Tolentino detestou,
com
"girassol" ou "rouxinol",
(pois
ele é ele, e eu, eu sou);
já
"traquitânia colonial",
"emocional
verborragia"
ou
até "culinária verbal"
são
termos que eu não usaria.
(E,
embora o Campos desaprove,
darei
mais uma estrofe ao poema,
pois
o meu eu quero com nove,
mesmo
que nada acresça ao tema:
para
evitar – tenho pensado –
futuras
precipitações,
proponho
um abaixo-assinado
contra
todas as traduções.)
ADENDO
Pena
no poema não caber
a
Spaghettilândia, esse espanto,
pois
ao dez chego sem querer,
e
haja paciência para tanto...
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Um comentário:
muito bom. Como gosto muito de rima, não posso deixar de notar o ritmo
suave, quase deslisante dessas rimas.
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