terça-feira, 11 de setembro de 2012

Jorge Amado em Portugal


Sob o título “Um jantar para Jorge Amado”, Isabel Coutinho, noticia para a Folha, Caderno Ilustríssima de 09 de setembro, um fato curiosíssimo sobre a biografia do escritor baiano quando de sua passagem por Portugal em 13 fevereiro de 53. Segunda ela, na referida data, Jorge Amado foi proibido pelo regime português de sair do aeroporto, oportunidade em que intelectuais portugueses organizaram, no aeroporto mesmo, um jantar para ele.
Uma foto desse jantar integra a mostra "Jorge Amado em Portugal", em cartaz na Biblioteca Nacional portuguesa até o dia 29. O catálogo da exposição, em e-book, está à venda a 2,50 euros. Para adquirir basta clicar AQUI.
Também está acessível o relatório que a Polícia Internacional e de Defesa do Estado fez do ocorrido. Inclui um croqui com a disposição dos lugares na mesa e a seguinte descrição: "[...] Este indivíduo, que se demorou apenas uma hora no aeroporto desta cidade, foi cumprimentado por um conhecido grupo de intelectuais portugueses, da extrema esquerda [...]. Jorge Amado conversou com todos os seus convivas, muito especialmente com os conhecidos escritores Ferreira de Castro e Maria Lamas".
Nessa primeira visita a Lisboa, Amado já não era desconhecido dos intelectuais portugueses. Em setembro de 1934, Ferreira de Castro tinha falado pela primeira vez do brasileiro no jornal português "O Diabo", onde fez "larga referência elogiosa, sendo essa, decerto, a primeira vez que o nome de Jorge Amado foi impresso na Europa". O próprio Castro conta a história em artigo na revista "Vértice", em novembro de 1951. "Há, talvez, 15 anos, recebi em Lisboa, enviado do Rio de Janeiro pelo seu autor, um livro intitulado 'Cacau'", conta, acrescentando que ficou três semanas sem pegar no romance. "No dia, porém, em que o abri, a minha surpresa foi grande: o nome completamente desconhecido que o assinava impunha-se desde as primeiras páginas".
Os dois artigos, bem como os primeiros livros de Jorge Amado que circularam em Portugal, em edições brasileiras da José Olympio e da Martins, estão na mostra. E também o parecer de Silva Pais, o último diretor da Pide, para autorizar a visita a Portugal de Amado em 1966. Ele observa que: "Aquele brasileiro está aburguesado, tendo sido afastado do PCB, e o filho dele vai casar com uma senhora portuguesa, filha de família nacionalista e abastada".

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