Sob
o título “Um jantar para Jorge Amado”, Isabel Coutinho, noticia para a Folha,
Caderno Ilustríssima de 09 de setembro, um fato curiosíssimo sobre a biografia
do escritor baiano quando de sua passagem por Portugal em 13 fevereiro de 53.
Segunda ela, na referida data, Jorge Amado foi proibido pelo regime português de sair do
aeroporto, oportunidade em que intelectuais portugueses organizaram, no aeroporto mesmo, um
jantar para ele.
Uma
foto desse jantar integra a mostra "Jorge Amado em Portugal", em
cartaz na Biblioteca Nacional portuguesa até o dia 29. O catálogo da exposição,
em e-book, está à venda a 2,50 euros. Para adquirir basta clicar AQUI.
Também
está acessível o relatório que a Polícia Internacional e de Defesa do Estado
fez do ocorrido. Inclui um croqui com a disposição dos lugares na mesa e a seguinte descrição: "[...] Este indivíduo, que se demorou apenas uma hora no
aeroporto desta cidade, foi cumprimentado por um conhecido grupo de
intelectuais portugueses, da extrema esquerda [...]. Jorge Amado conversou com
todos os seus convivas, muito especialmente com os conhecidos escritores
Ferreira de Castro e Maria Lamas".
Nessa
primeira visita a Lisboa, Amado já não era desconhecido dos intelectuais
portugueses. Em setembro de 1934, Ferreira de Castro tinha falado pela primeira
vez do brasileiro no jornal português "O Diabo", onde fez "larga
referência elogiosa, sendo essa, decerto, a primeira vez que o nome de Jorge
Amado foi impresso na Europa". O
próprio Castro conta a história em artigo na revista "Vértice", em
novembro de 1951. "Há, talvez, 15 anos, recebi em Lisboa, enviado do Rio
de Janeiro pelo seu autor, um livro intitulado 'Cacau'", conta, acrescentando
que ficou três semanas sem pegar no romance. "No dia, porém, em que o
abri, a minha surpresa foi grande: o nome completamente desconhecido que o
assinava impunha-se desde as primeiras páginas".
Os
dois artigos, bem como os primeiros livros de Jorge Amado que circularam em
Portugal, em edições brasileiras da José Olympio e da Martins, estão na mostra.
E também o parecer de Silva Pais, o último diretor da Pide, para autorizar a
visita a Portugal de Amado em 1966. Ele
observa que: "Aquele brasileiro está aburguesado, tendo sido afastado do
PCB, e o filho dele vai casar com uma senhora portuguesa, filha de família
nacionalista e abastada".
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