Fonte: O Estado de S.
Paulo
O
sono tornou-se inquieto por alguns instantes. “Sonhei que estavam me matando”,
comentou o psicanalista Hélio Pellegrino com a mulher, a escritora e tradutora
Lya Luft, durante a madrugada da segunda-feira, dia 21 de março de 1988. Tema
comum na obra de ambos, a morte parecia ser apenas objeto de inspiração.
Infelizmente, não era – incomodado por um desconforto gástrico, Pellegrino foi
internado naquela manhã, depois de constatado um pequeno infarto. E, quando
parecia que a recuperação se finalizava, uma parada cardíaca fulminante o
matou. Era 23 de março. Ele estava com 64 anos e com muitos projetos. A perda
súbita transtornou Lya. Suspensa da realidade pela dor, ela decidiu transformar
o travo no coração em poesia. Nascia O
lado fatal (Record, 96 pp., R$ 24,90). Trata-se de 40 poemas escritos num
rompante, um por dia, que conciliam sentimentos contraditórios como raiva e
pesar, esperança e desalento, dor e esperança.
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