Um
amigo me escreve dizendo que ao fazer sua necessária e obrigatória remada
matinal na Enseada do Pontal, em Ilhéus, passou por ele, levado pela corrente,
um cavalo morto, com apenas as patas podendo ser avistadas por sobre as águas. Tal
relato me fez lembrar, e, inevitavelmente, me levou a reler o poema Boi Morto,
do Manuel Bandeira.
Boi
Morto
Como em turvas águas de
enchente,
Me sinto a meio
submergido
Entre destroços do
presente
Divido, subdividido,
Onde rola, enorme, o
boi morto,
Boi morto, boi morto,
boi morto.
Árvore da paisagem
calma,
Convosco – altas tão
marginais!
Fica a alma, a atônita
alma,
Atônita para jamais.
Que o corpo, esse vai
com o boi morto,
Boi morto, boi morto,
boi morto.
Boi morto, boi
desconhecido,
Boi espantosamente, boi
Morto, sem forma ou
sentido
Ou significado. O que
foi
Ninguém sabe. Agora é
boi morto,
Boi morto, boi morto,
boi morto.
Um comentário:
Salve, Bandeira!
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