Dentre os valores mais substanciosos da lírica feminina colombiana encontramos os versos de Meira Delmar, poetisa do amor e da morte, sempre orientada por um ponto de vista feminino sobre estes temas, imprimindo em seus versos certo aspecto nostálgico, algo que não pode ser. Diz Meira Delmar que o amor em sua poesia possui tons medidos, que não é um amor que grita ou exige, antes é um amor que está sempre indo, em busca.
A poetisa colombiana, grande amiga de Garcia Marquez, confessa que desde muito jovem foi leitora de outras autoras Sulamericanas como Mistral, Storni e Augustini, e que elas podem ter lhe influenciado. Entretanto, percebemos mesmo, que sua lírica possui um acento reconhecidamente próprio, alcançado em silêncio, no próprio fazer poético, que tonifica e modula a sua voz, sem que esta seja devedora a nenhuma outra.
No Brasil, ao que nos parece, apenas o livro “Mundo Mágico: Colômbia”, Edições Bagaço, Pernambuco, 2007, uma antologia da lírica daquele país, organizado e prefaciado por Lucila Nogueira e Floriano Martins, possui poemas de Meira Delmar, o que é extremamente lamentável e prova a quase completa ignorância brasileira sobre a obra de poetas e poetisas da América do Sul.
Morte minha
Tradução de Gustavo Felicíssimo
A morte não é ficar
com as mãos ancoradas
como barcos inúteis
em minhas próprias margens,
nem ter nos olhos,
a sombra da pálpebra
a última paisagem
naufragada em si mesmo.
A morte não é sentir-me
filha na terra obscura
enquanto move a noite
seu gomo de luzeiros,
e move o mar profundo
as naus e os peixes,
e o vento move estios,
outonos e primaveras.
Outra coisa é a morte!
Dizer teu nome uma
e outra vez entre a neblina
sem que tornes o rosto
a meu rosto, é a morte.
E estar de ti distante
quando dizes “A tarde
volta sobre as rosas
como uma asa de ouro”.
A morte é ir apagando
caminhos de regresso
e chegar com minhas lágrimas
a um país sem nós
e é saber que pergunta
meu coração em vão
por tua melancolia.
Outra coisa é a morte.
Muerte mía
La muerte no es quedarme
con las manos ancladas
como barcos inútiles
a mis propias orillas,
ni tener en los ojos,
tras la sombra del párpado
el último paisaje
hundiéndose en sí mismo.
La muerte no es sentirme
fija en la tierra oscura
mientras mueve la noche
su gajo de luceros,
y mueve el mar profundo
las naves y los peces,
y el viento mueve estíos,
otoños, primaveras.
¡Otra cosa es la muerte!
Decir tu nombre una
y otra vez en la niebla
sin que tornes el rostro
a mi rostro, es la muerte.
Y estar de ti lejana
cuando dices "La tarde
vuela sobre las rosas
como un ala de oro".
La muerte es ir borrando
caminos de regreso
y llegar con mis lágrimas
a un país sin nosotros
y es saber qué pregunta
mi corazón en vano
por tu melancolía
Otra cosa es la muerte.
Relação externa: aqui encontra-se uma breve colçetânea da poesia de Meira Delmar
http://www.los-poetas.com/f/delmar1.htm
A poetisa colombiana, grande amiga de Garcia Marquez, confessa que desde muito jovem foi leitora de outras autoras Sulamericanas como Mistral, Storni e Augustini, e que elas podem ter lhe influenciado. Entretanto, percebemos mesmo, que sua lírica possui um acento reconhecidamente próprio, alcançado em silêncio, no próprio fazer poético, que tonifica e modula a sua voz, sem que esta seja devedora a nenhuma outra.
No Brasil, ao que nos parece, apenas o livro “Mundo Mágico: Colômbia”, Edições Bagaço, Pernambuco, 2007, uma antologia da lírica daquele país, organizado e prefaciado por Lucila Nogueira e Floriano Martins, possui poemas de Meira Delmar, o que é extremamente lamentável e prova a quase completa ignorância brasileira sobre a obra de poetas e poetisas da América do Sul.
Morte minha
Tradução de Gustavo Felicíssimo
A morte não é ficar
com as mãos ancoradas
como barcos inúteis
em minhas próprias margens,
nem ter nos olhos,
a sombra da pálpebra
a última paisagem
naufragada em si mesmo.
A morte não é sentir-me
filha na terra obscura
enquanto move a noite
seu gomo de luzeiros,
e move o mar profundo
as naus e os peixes,
e o vento move estios,
outonos e primaveras.
Outra coisa é a morte!
Dizer teu nome uma
e outra vez entre a neblina
sem que tornes o rosto
a meu rosto, é a morte.
E estar de ti distante
quando dizes “A tarde
volta sobre as rosas
como uma asa de ouro”.
A morte é ir apagando
caminhos de regresso
e chegar com minhas lágrimas
a um país sem nós
e é saber que pergunta
meu coração em vão
por tua melancolia.
Outra coisa é a morte.
Muerte mía
La muerte no es quedarme
con las manos ancladas
como barcos inútiles
a mis propias orillas,
ni tener en los ojos,
tras la sombra del párpado
el último paisaje
hundiéndose en sí mismo.
La muerte no es sentirme
fija en la tierra oscura
mientras mueve la noche
su gajo de luceros,
y mueve el mar profundo
las naves y los peces,
y el viento mueve estíos,
otoños, primaveras.
¡Otra cosa es la muerte!
Decir tu nombre una
y otra vez en la niebla
sin que tornes el rostro
a mi rostro, es la muerte.
Y estar de ti lejana
cuando dices "La tarde
vuela sobre las rosas
como un ala de oro".
La muerte es ir borrando
caminos de regreso
y llegar con mis lágrimas
a un país sin nosotros
y es saber qué pregunta
mi corazón en vano
por tu melancolía
Otra cosa es la muerte.
Relação externa: aqui encontra-se uma breve colçetânea da poesia de Meira Delmar
http://www.los-poetas.com/f/delmar1.htm
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