Ao povo Sírio
Paira no céu um abutre
uma nau que vaga no
firmamento
atirando dos seus
compartimentos
as bombas que arrasam
e arrastam famílias
inteiras
para o inferno de
Damasco.
De onde se encontra
nem mesmo com a sua
mira
conseguirá enxergar na
rua
o próximo alvo
aquela criança sobre os
escombros
chorando a morte da mãe
e que, desamparada,
procura alento
na sua boneca
decapitada.
Deus - se existe Deus -
onde quer que se encontre
faça cessar tanta
iniquidade
tantas tristes canções
de homens em combate
e de jovens permanentemente
como jovens sem escolhas.
Cantei feito um pássaro
quando uma filha nasceu
me fazendo esquecer
- pelo menos por algum
tempo -
que do outro lado do
mundo
outros filhos choram
o assassinato dos seu
sonhos.
Gustavo Felicíssimo
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