sábado, 9 de junho de 2012

O inferno de Damasco


Ao povo Sírio

Paira no céu um abutre
uma nau que vaga no firmamento
atirando dos seus compartimentos
as bombas que arrasam
e arrastam famílias inteiras
para o inferno de Damasco.
De onde se encontra
nem mesmo com a sua mira
conseguirá enxergar na rua
 o próximo alvo
aquela criança sobre os escombros
chorando a morte da mãe
e que, desamparada, procura alento
na sua boneca decapitada.
Deus - se existe Deus -
onde quer que se encontre
faça cessar tanta iniquidade
tantas tristes canções
de homens em combate
e de jovens permanentemente
como jovens  sem escolhas.
Cantei feito um pássaro
quando uma filha nasceu
me fazendo esquecer
- pelo menos por algum tempo -
que do outro lado do mundo
outros filhos choram
o assassinato dos seu sonhos.

          Gustavo Felicíssimo

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