A
literatura brasileira está repleta de ótimos poetas que não tiveram o prestígio
de outros com menor talento. Esse é o caso de Carlos Falck. A produção poética de
Falck estende-se por dez anos, de 1954 a 1964, quando comete o suicídio. Seus
sonetos, segundo o saudoso Ildásio, são lapidares e suas redondilhas revestem
de inovação a medida medieval construindo versos com um grande sabor de
atualidade, mesmo quarenta anos após ter feito seu último poema. Sua poesia é
basicamente existencialista. Percebam que o poema abaixo trata de uma carta
suicida deste que foi um exímio e sofrido poeta.
Bilhete
à Ilha
Mudarei meu silêncio em
ventania
E meu andar para o
norte em ir ao cais;
Não me perguntarei se
vou ou vais
ao mesmo ponto que
antes nos unia.
Apenas caminharei e
nesse andar
descobrirei se me
segues ou te sigo.
Não me importo lembrar
(se não te digo)
o que lembro se avisto
cais ou mar.
Pois vou ao porto como
se não fosse.
Desligado do sonho e
dos sentidos
descubro que não tenho
mais amigos
e que o verde do mar
jamais foi doce.
E mais descobrirei
quando bem frio,
meu corpo navegar no
mar vazio.
Em:
Ofício de Cancioneiro e Outros Poemas, organizado por Ildásio Tavares e
publicado pela Imago dentro da coleção Bahia: Prosa & Poesia.
Outros
poemas do autor em:
Um comentário:
esse poema é bem bonito, embora tenha alguns problemas na sua artesania, sobretudo no 2° quarteto, q está por demais enfraquecido por conta da ideia não atinar muito bem com o restante e de uma rima mal feita - ildásio era um otário velho q não tinha tutano suficiente pra ver essas coisas. falk tá no lugar q lhe é cabido, um poeta mediano e às vezes fraco. volto a dizer, meu caro, poesia é foda, é pra qq um não.
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