sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Carlos Falck, exímio e sofrido poeta


A literatura brasileira está repleta de ótimos poetas que não tiveram o prestígio de outros com menor talento. Esse é o caso de Carlos Falck. A produção poética de Falck estende-se por dez anos, de 1954 a 1964, quando comete o suicídio. Seus sonetos, segundo o saudoso Ildásio, são lapidares e suas redondilhas revestem de inovação a medida medieval construindo versos com um grande sabor de atualidade, mesmo quarenta anos após ter feito seu último poema. Sua poesia é basicamente existencialista. Percebam que o poema abaixo trata de uma carta suicida deste que foi um exímio e sofrido poeta.

Bilhete à Ilha

Mudarei meu silêncio em ventania
E meu andar para o norte em ir ao cais;
Não me perguntarei se vou ou vais
ao mesmo ponto que antes nos unia.

Apenas caminharei e nesse andar
descobrirei se me segues ou te sigo. 
Não me importo lembrar (se não te digo)
o que lembro se avisto cais ou mar.

Pois vou ao porto como se não fosse. 
Desligado do sonho e dos sentidos
descubro que não tenho mais amigos
e que o verde do mar jamais foi doce.

E mais descobrirei quando bem frio,
meu corpo navegar no mar vazio.

Em: Ofício de Cancioneiro e Outros Poemas, organizado por Ildásio Tavares e publicado pela Imago dentro da coleção Bahia: Prosa & Poesia.

Outros poemas do autor em:

Um comentário:

XOXÓ NO SEU FIOFÓ disse...

esse poema é bem bonito, embora tenha alguns problemas na sua artesania, sobretudo no 2° quarteto, q está por demais enfraquecido por conta da ideia não atinar muito bem com o restante e de uma rima mal feita - ildásio era um otário velho q não tinha tutano suficiente pra ver essas coisas. falk tá no lugar q lhe é cabido, um poeta mediano e às vezes fraco. volto a dizer, meu caro, poesia é foda, é pra qq um não.