quinta-feira, 10 de maio de 2012

Raridade - Um poema de João Gilberto


Recentemente recebi e-mail de Fátima Santiago, grande amiga, musicista e professora competente, natural de Juazeiro, com um conteúdo que não poderia passar em branco, em que afirma ter encontrado um poema escrito “por João Gilberto quando jovem”. Tal poema teria sido publicado “em uma coletânea de poesia local”, o que me parece material extremamente relevante, sobretudo pelo seu valor histórico. Vamos, então, ao texto da minha amiga, sua breve, mas consistente análise e ao respectivo poema. Diz ela:

Remexendo em meus papeis, encontrei esse poema escrito por João Gilberto quando jovem e ainda morador de Juazeiro. Ele foi publicado em uma coletânea de poesia local. Esse livro se encontra na Biblioteca da cidade, pena que não anotei a referência, mas apenas o poema quando trabalhei nesse lugar.
Interessante observar a sensibilidade auditiva e humana da voz que fala no poema, que se dirige a um interlocutor/leitor pedindo que escute junto com ele, de dentro de casa, o movimento da chuva que inicia com o chuvisco e forma um aguaçeiro. Para quem o som é linguagem, o lamento dos "pingos molhados" desabrigados. Paradoxal, como o artista, Papa da Bossa Nova.

Pingos Molhados
João Gilberto

Olhe, ‘tá chuviscando
Virou aguaceiro e os pingos vão
se molhar, ouviu?
Preste atenção...
...os pingos estão se lamentando
Ou será ilusão?
Se verdade fosse e a linguagem deles falasse
Chamava os pingos pra dentro de casa
Até que a chuva parasse.

3 comentários:

Fátima Santiago disse...

Bacana, Gustavo, você ter publicado esse poema que é bem João. Penso que ele ficaria feliz em relê-lo. Abraços.

Deraldo Araújo disse...

Certo amigo de Fátima disse que todo dia a gente deve consumir um pouco de João Gilberto, agora quando é um poema dele, o prazer é muito grande.

Anônimo disse...

Alguém sabe o e-mail de João Gilberto? Seria legal ele ler o poema. Mandem pra ele.