Recentemente
recebi e-mail de Fátima Santiago, grande amiga, musicista e professora
competente, natural de Juazeiro, com um conteúdo que não poderia passar em
branco, em que afirma ter encontrado um poema escrito “por João Gilberto quando
jovem”. Tal poema teria sido publicado “em uma coletânea de poesia local”, o
que me parece material extremamente relevante, sobretudo pelo seu valor
histórico. Vamos, então, ao texto da minha amiga, sua breve, mas consistente
análise e ao respectivo poema. Diz ela:
Remexendo em meus papeis, encontrei
esse poema escrito por João Gilberto quando jovem e ainda morador de Juazeiro.
Ele foi publicado em uma coletânea de poesia local. Esse livro se encontra na
Biblioteca da cidade, pena que não anotei a referência, mas apenas o poema quando
trabalhei nesse lugar.
Interessante observar a
sensibilidade auditiva e humana da voz que fala no poema, que se dirige a um
interlocutor/leitor pedindo que escute junto com ele, de dentro de casa, o
movimento da chuva que inicia com o chuvisco e forma um aguaçeiro. Para quem o
som é linguagem, o lamento dos "pingos molhados" desabrigados.
Paradoxal, como o artista, Papa da Bossa Nova.
Pingos Molhados
João
Gilberto
Olhe,
‘tá chuviscando
Virou
aguaceiro e os pingos vão
se
molhar, ouviu?
Preste
atenção...
...os
pingos estão se lamentando
Ou
será ilusão?
Se
verdade fosse e a linguagem deles falasse
Chamava
os pingos pra dentro de casa
Até
que a chuva parasse.
3 comentários:
Bacana, Gustavo, você ter publicado esse poema que é bem João. Penso que ele ficaria feliz em relê-lo. Abraços.
Certo amigo de Fátima disse que todo dia a gente deve consumir um pouco de João Gilberto, agora quando é um poema dele, o prazer é muito grande.
Alguém sabe o e-mail de João Gilberto? Seria legal ele ler o poema. Mandem pra ele.
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